ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 10-5-2002.

 


Aos dez dias do mês de maio do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum e Juberlei Bacelo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano, Zé Valdir e João Batista Pirulito. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Trigésima Primeira e Trigésima Segunda Sessões Ordinárias que, juntamente com as Atas da Trigésima Sessão Ordinária e da Décima Sessão Solene, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Beto Moesch, os Pedidos de Informações nºs 124, 125 e 126/02 (Processos nºs 1757, 1758 e 1759/02, respectivamente); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações nº 128/02 (Processo nº 1788/02); pelo Vereador João Carlos Nedel, 13 Pedidos de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, o Pedido de Informações nº 121/02 (Processo nº 1727/02); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Informações nºs 122 e 123/02 (Processos nºs 1738 e 1739/02, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 253, 254, 255, 257, 258, 259 e 260/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente registrou o transcurso, nos dias nove e onze de maio do corrente, dos aniversários dos Vereadores Paulo Brum e Ervino Besson, respectivamente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Antonio Hohlfeldt referiu-se à homenagem prestada ontem por este Legislativo ao Senhor Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Ainda, traçou um comparativo entre as atribuições pertinentes à Câmara Municipal de Porto Alegre durante a Revolução Farroupilha e nos dias atuais e examinou criticamente os objetivos do Executivo Municipal, no que tange à utilização de controladores eletrônicos de velocidade nas vias públicas da Cidade. O Vereador Beto Moesch, discursando sobre a necessidade do engajamento da sociedade e do Poder Público no sentido de preservar as atuais condições de arborização nas ruas do Município, contrapôs-se aos procedimentos adotados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMAM, no que tange à manutenção e poda de árvores. Também, traçou um comparativo entre os dados relativos ao plantio de mudas de árvores em Porto Alegre e na Cidade de Santo Ângelo - RS. O Vereador Ervino Besson manifestou-se sobre cartilha de orientação política elaborada por Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre, e discorreu a respeito da ocupação de propriedades rurais no Estado por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, citando como exemplo a invasão da fazenda Invernada, localizada no Município de Hulha Negra - RS. Em relação ao assunto, questionou as diretrizes políticas e ideológicas desse movimento. O Vereador Carlos Alberto Garcia reportou-se à visita realizada por Sua Excelência ao Presídio Central de Porto Alegre, no dia cinco de novembro de dois mil e um, para conhecer o trabalho educacional desenvolvido em escola sediada dentro da referida instituição, a qual tem por objetivo reinserir socialmente os apenados. Nesse sentido, manifestou-se contrariamente ao fechamento dessa escola, analisando as conseqüências desse fato para a população carcerária do referido estabelecimento. A seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento do Vereador Estilac Xavier, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Antonio Losada, após a entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como a prestação do compromisso legal e indicação do Nome Parlamentar, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Na ocasião, foram apregoadas Declarações firmadas pelo Vereador Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, informando o impedimento dos Suplentes Darci Campani e Berna Menezes em assumirem a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador Estilac Xavier. A seguir, nos termos do artigo 12, § 7º, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Antonio Losada, que sua satisfação em participar dos trabalhos da presente Sessão, destacando a importância das atividades desenvolvidas pelos Senhores Vereadores em prol da comunidade porto-alegrense. Também, aludiu às condições sócioeconômicas da população brasileira, questionando as políticas públicas executadas pelo Governo Federal e tecendo considerações sobre o sistema prisional brasileiro. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 087 e 090/02, este discutido pelo Vereador João Antonio Dib, e 094/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Paulo Brum; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 007/02, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 091, 096 e 089/02, este discutido pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, João Antonio Dib, Raul Carrion e Sebastião Melo; em 3ª Sessão, o Substitutivo n° 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 027/01. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores Seppo Suhonen, Ilkka Entchev e Harri Majuri e das Senhoras Virpi Kämäräinen e Taina Pauna, integrantes do District 1400 do Rotary Club da Finlândia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion deu continuidade ao pronunciamento efetuado por Sua Excelência durante o período de Pauta, analisando aspectos alusivos ao Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, de autoria do Vereador Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados, manifestando seu posicionamento contrário à aprovação dessa proposta e justificando os motivos que levam Sua Excelência a professar tal opinião. O Vereador Cassiá Carpes referiu-se ao Projeto de Lei do Legislativo n° 094/02, de autoria do Vereador Fernando Záchia, que dispõe sobre o parcelamento de valor de multa de trânsito, preços públicos e encargos nas situações que menciona e dá outras providências, abordando aspectos técnicos alusivos à referida proposta. Também, discorreu sobre o problema do tráfico de drogas na Cidade e a respeito da influência exercida pela manifestação de ideologias políticas junto à sociedade. O Vereador João Antonio Dib referiu-se à Ordem de Serviço n° 09, firmada pelo Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre e publicada no Diário Oficial do Município de Porto Alegre do dia oito de maio do corrente, a qual versa sobre o recebimento e encaminhamento de notificações referentes a Mandados de Segurança impetrados contra ato de autoridade do Município apontada como coatora. Ainda, manifestou-se contrariamente ao aumento das tarifas de água e esgotos cobradas pelo Município. O Vereador Fernando Záchia defendeu o Projeto de Lei do Legislativo n° 094/02, de autoria de Sua Excelência, que dispõe sobre o parcelamento de valor de multa de trânsito, preços públicos e encargos nas situações que menciona e dá outras providências e comentou dados alusivos ao Projeto de Lei do Legislativo n° 297/01, de autoria do Vereador Valdir Caetano, que regulamenta a instalação de controladores eletrônicos de velocidade no Município de Porto Alegre. O Vereador Isaac Ainhorn teceu críticas à atuação do Senhor Tarso Genro como Prefeito Municipal de Porto Alegre, externando sua contrariedade às viagens realizadas por Sua Excelência durante esse período e afirmando que as mesmas foram excessivas e prejudicaram o seu desempenho à frente do Executivo Municipal. Também, referiu-se a declarações prestadas pelo Senhor Tarso Genro, no sentido de que não renunciaria ao mandato de Prefeito, a fim de concorrer ao Governo do Estado. O Vereador Marcelo Danéris contraditou o pronunciamento do Vereador Isaac Ainhorn em Comunicação de Líder, defendendo o trabalho realizado pelo Senhor Tarso Genro como Prefeito Municipal de Porto Alegre, dissertando sobre o apoio apresentado pelo Partido Democrático Trabalhista à candidatura do Senhor Ciro Gomes ao cargo de Presidente da República e salientando que Sua Senhoria renunciou ao cargo de Prefeito Municipal de Fortaleza, a fim de concorrer ao Governo do Estado do Ceará. O Vereador Luiz Braz apoiou a decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal no que se refere à Lei Complementar Federal nº 101/00, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Também, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Marcelo Danéris, questionou as atitudes adotadas pelo Senhor Tarso Genro, ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre, no que tange às viagens realizadas por Sua Senhoria a países da Europa. O Vereador Haroldo de Souza teceu críticas às políticas de segurança pública adotadas pelo Executivo Estadual, chamando a atenção para a sistemática de atuação adotada pelo Senhor José Paulo Bisol, Secretário Estadual da Justiça e Segurança Pública, no que tange a casos de violência ocorridos em veículos do transporte coletivo em Porto Alegre. Também, discorreu acerca de invasões a propriedades rurais gaúchas promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. O Vereador Antonio Hohlfeldt, congratulando a Senhora Eva Sopher pelo trabalho cultural desenvolvido junto ao Theatro São Pedro, teceu considerações acerca das dificuldades de acesso ao local enfrentadas pelos usuários do referido teatro. Também, criticando a atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC, manifestou-se contrariamente à utilização do estacionamento dessa casa cultural como terminal turístico e local de parada para ônibus de excursões. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 234/01, com Veto Total, que foi discutido pelos Vereadores Marcelo Danéris, Antonio Hohlfeldt, João Antonio Dib, Adeli Sell, Juarez Pinheiro, Raul Carrion, Dr. Goulart, Zé Valdir, Ervino Besson e Maria Celeste. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 234/01, o Vereador João Batista Pirulito cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Juarez Pinheiro. Na ocasião, por solicitação do Vereador Beto Moesch, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Ubirajara Índio Carvalho da Motta, falecido no dia dois de maio do corrente. Também, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se sobre os trabalhos da presente Sessão. Às doze horas e trinta e três minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Marcelo Danéris, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum e João Antonio Dib, este nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Aproveitando a presença do Ver. Paulo Brum entre nós, quero, em nome da Presidência, da Mesa Diretora e em nome de todos os Vereadores, cumprimentar o Ver. Paulo Brum, que ontem esteve completando mais um aniversário. Sem dúvida alguma, é um momento sublime para qualquer pessoa, especialmente para o nosso colega, que me dá a honra e a satisfação de partilhar da Mesa Diretora desta Câmara.

Neste final de semana completa também mais um aniversário o nosso querido amigo, colega de Bancada, Ver. Ervino Besson. Da mesma forma, feliz aniversário e vida longa aos dois.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero que a minha palavra inicial seja também de felicitações ao companheiro de Bancada, Ver. Paulo Brum, e ao companheiro, até o ano passado, de Comissão, o Ver. Ervino Besson.

Quero transmitir a V. Ex.ª -, esperando que o Ver. João Bosco Vaz logo esteja aqui conosco - o que senti ontem, ao longo de uma boa parte da noite, ouvindo transmissões de rádio, em relação à homenagem que esta Casa prestou, a partir da iniciativa do Ver. João Bosco Vaz, ao técnico Felipão, Luiz Felipe Scolari, primeiro técnico gaúcho, nesse período mais recente, a dirigir, a comandar a Seleção Brasileira para a Copa deste ano. Esta Casa tornou-se ontem um centro de atenções, um centro de orgulho em relação àquilo que nós podemos ter como gaúchos nessa representação. Isso também faz parte da Câmara de Vereadores. Eu pensava exatamente que cada um de nós que aqui chega, chega com uma certa e determinada representatividade.

Vejo o Ver. Antônio Losada, que está assumindo como titular, a quem quero mais uma vez dar as boas-vindas. Há muitos anos que temos nos encontrado tantas e tantas vezes. O Ver. Antônio Losada tem um certo tipo de representação, o Ver. Paulo Brum tem outro tipo de representação, o Ver. João Bosco Vaz traz outro tipo de representação, e é dessa multiplicidade de representações que se faz a Câmara de Porto Alegre, e talvez por isso uma Câmara de Vereadores é sempre uma instituição tão importante, e, no caso muito especial de Porto Alegre, mais importante ainda pela história que ela tem de vinculação a esta Cidade.

Estou terminando de ler o livro do historiador Sérgio Costa Franco sobre o cerco Farroupilha à cidade de Porto Alegre. Aí, Ver. Paulo Brum, nos chama a atenção a função desta Casa. Quer no primeiro cerco, aquele cerco histórico que surge logo após a invasão e a expulsão dos rebeldes da Cidade, quer, depois, nos diversos cercos que se sucedem entre 1836 e 1837, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre tinha funções um pouco diferentes das que temos hoje. A Câmara era mais executiva: nós podíamos determinar, como Vereadores, o calçamento, a iluminação, a recolha de lixo, coisas que hoje estão restritas ao Executivo. A Câmara era o Executivo, de uma certa maneira, e aí nós vemos os Vereadores se preocupando com uma coisa que naquele momento era fundamental, que era a alimentação. Quero dizer, o cerco impedia a chegada de gêneros alimentícios, inclusive havia o apresamento de manadas que pudessem fornecer a carne para os moradores de Porto Alegre. E os Vereadores desta Casa, na sua função precípua, estabeleciam quotas de racionamento alimentar para os moradores da Cidade, a fim de que nós não chegássemos numa situação em que alguns tivessem muito e outros tivessem pouco. Por outro lado, também estabelecia uma espécie de fiscalização sobre o preço de venda das mercadorias, para que também se evitasse a especulação.

Mais de século, século e meio, um pouco mais do que isso, desses episódios que estou a referir na nossa função de hoje. Na nossa função de hoje, o que eu sinto é uma dificuldade imensa em relação à função que o Vereador deveria estar podendo exercer em conjunto com o Executivo, e uma espécie de auto-suficiência que o Executivo tem-se arrogado de um modo geral.

Comentávamos ontem a iniciativa, por exemplo, do Ver. Fernando Záchia, em relação aos pardais da Cidade. É lamentável que nós tenhamos de chegar a fazer o tipo de denúncia pública desse tipo que está sendo feito pelo Ver. Fernando Záchia, sobre uma situação que interessa a toda a Cidade e a toda a população, porque simplesmente o Executivo não respeita sugestões, debates e polêmicas que nós levantamos nesta Casa, buscando alternativas para, ao manter a função básica, que é o controle de velocidade, o evitar o acidente, o impedir o abuso, mas, ao mesmo tempo, também, não cheguemos a situação que temos vivido - talvez menos em Porto Alegre, mas nas estradas do Rio Grande é realmente terrível - do abuso sobre o bolso do cidadão.

Ouvia, agora de manhã, o Procurador Streck, na rádio Guaíba, e ele abordava a absoluta ilegitimidade, Ver. João Antonio Dib, das JARIs e das suas decisões.

Quando se recebe um recurso, e a resposta a um recurso da JARI, dizendo: “O cidadão não provou o que disse” e, pura e simplesmente, se nega o pedido de recurso, aí nós ficamos nos perguntando, de fato, se o que nós estamos fazendo é prevenção de acidente, no sentido do que o Código de Trânsito determina ou, simplesmente, é o caça-níquel às custas do bolso do contribuinte.

Fica aqui esta reflexão e, mais uma vez, a minha saudação aos Vereadores Paulo Brum e Ervino Besson e diria a cada um de nós que nesta representação desta Casa trazemos, sim, um pouquinho do que está lá fora e desse cadinho fazemos o papel deste Legislativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, um dos grandes orgulhos de Porto Alegre, da sociedade porto-alegrense, é a arborização desta Cidade, tanto é que a própria Prefeitura, insistentemente, diz que Porto Alegre é a cidade mais arborizada do País. Se é ou não a mais arborizada, é, sim, uma cidade muito arborizada, mas porque tem, por trás de tudo isso, uma sociedade que planta árvores e uma Legislação já antiga que as protege e que exige, muito antes da Legislação Federal e da Legislação Estadual, a licença para podas e cortes de árvores por parte do Poder Público, do órgão licenciador. E não é só apenas um orgulho da cidade de Porto Alegre. A árvore é um dos equipamentos urbanos mais importantes de uma cidade. É verdade. Não sei se outras pessoas tratam a árvore como um equipamento urbano. Eu trato assim. Porque a arborização não é só importante na floresta, na área rural, mas, numa cidade, por vários motivos. Todos sabem, por exemplo, a importância para a sombra, para o oxigênio, mas também por vários outros fatores. A árvore mantém o microclima daquele bairro, daquela rua, mantém a temperatura; ela, como o ar-condicionado, refresca aquela região, faz com que ela penetre no solo evitando alagamentos e enchentes; é o abrigo da avifauna de uma cidade, e é justamente isso que me preocupa. O que se poda de árvore na cidade de Porto Alegre por parte da Prefeitura é algo incrível, é uma coisa impressionante, e a poda deve ser realizada o mais cedo possível, quando ela está em fase de crescimento e não quando ela já está adulta, porque ela já deveria ter sido planejada para não ser mais podada depois. Por quê? Quando a poda é feita depois, em uma árvore já antiga, ela passa a apodrecer e cai. É por isso que as árvores na cidade de Porto Alegre caem, porque elas não são devidamente planejadas.

Eu trouxe aqui, justamente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, meu Presidente, apenas um exemplo: isto aqui é um galho de um cinamomo do Bairro Petrópolis; quero mostrar os dois lados totalmente sãos. (Mostra um galho de árvore.) A árvore não estava podre. Perfeita árvore, um imenso cinamomo do Bairro Petrópolis, que não estava em baixo de rede elétrica, mas que foi podado. Vejam, isto aqui é um galho de uma árvore. O impacto que uma árvore podada e derrubada causa numa região, vocês não fazem idéia; por isso é que muitos às vezes riem, porque não entendem a importância de uma arborização como a da cidade de Porto Alegre. Ela também tem o aspecto paisagístico, urbanístico, mas eu trouxe antes esse aspecto de saúde pública. Ela retém as impurezas do ar.

Vejam, por exemplo, uma resposta ao pedido de informações que eu tive no ano passado: em 2000 foram plantadas, na cidade de Porto Alegre, cinco mil e quinhentas mudas de árvore; em 2001, vinte e uma mil mudas de árvore. Santo Ângelo, no ano passado, plantou noventa mil mudas de árvore. Então, Porto Alegre não está cumprindo com o que a legislação federal e estadual e a Lei Orgânica determinam: a manutenção e o aumento da cobertura vegetal da cidade de Porto Alegre. Não são plantadas mudas em proporcionalidade às suas derrubadas, e, para cada árvore derrubada, devem ser plantadas mais mudas. As árvores são derrubadas na cidade de Porto Alegre sem o devido replantio. Está aqui a prova na resposta do pedido de informações que nós tivemos. É lamentável! E vamos votar em breve um Projeto de Lei que cria cargos de biólogo para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Nós somos favoráveis, mas para dar arrazoados técnicos sem laudo para que elas sejam retiradas? Aí não adianta nós termos mais técnicos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo do Ver. Carlos Alberto Garcia.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos assistem nas galerias e também as pessoas que nos assistem pela TV Câmara, eu teria três assuntos importantes sobre os quais eu me poderia pronunciar desta tribuna hoje, mas vou-me deter em um dos assuntos, que acho da maior gravidade, que está ocorrendo no Rio Grande do Sul.

Como eu disse, são três assuntos. Sobre o primeiro deles, ontem tivemos uma reunião a respeito da cartilha do nosso Arcebispo Dom Dadeus sobre as eleições de 2002, sobre a qual terei a oportunidade de me pronunciar no decorrer do tempo. Essa cartilha está trazendo e vai trazer grandes benefícios e grandes ensinamentos para muitos políticos do nosso Estado.

O segundo assunto é a respeito do evento que houve ontem. O Ver. Antonio Hohlfeldt já se pronunciou nesta tribuna sobre ele, e eu faço minhas as suas palavras, agradecendo-lhe, também, as suas considerações a respeito deste Vereador. Tenho certeza de que o treinador Felipe Scolari saiu feliz, levando a energia e a força espiritual dos gaúchos, que, tenho certeza, ele vai colocar dentro do vestiário para que os jogadores tragam alegria conquistando a Copa do Mundo, que breve terá início.

Quero falar sobre um fato, de extrema gravidade: as invasões de terras que estão acontecendo aqui no nosso Estado. Eu não sou contra o movimento harmônico, o movimento pela reforma agrária. O Governador Leonel Brizola foi quem implantou uma verdadeira reforma agrária no Banhado do Colégio. Os Srs. Vereadores conhecem a realidade dos fatos sobre a reforma agrária implantada no Banhado do Colégio pelo Governador Brizola.

Agora, invasões de propriedade, Ver. João Antonio Dib! Eu sou oriundo do interior e tenho orgulho de dizer desta tribuna que conheço a área produtiva. Mas o que está acontecendo em nosso Estado é alarmante!

Não sei aonde vamos chegar, Sr. Presidente! Não sei o caminho a que este Estado vai chegar com essas invasões a propriedades.

V. Ex.ªs leram nos jornais e acompanharam a invasão ocorrida em Hulha Negra, onde existe uma propriedade com uma agropecuária que tem o reconhecimento de outros países, inclusive de países de primeiro mundo.

O que disse o líder do Movimento, Paulo Sérgio Vargas: “A fazenda não tem produção direcionada para alimentar o povo brasileiro e sim para outros países.” Srs. Vereadores, o que será que esse líder, quando lidera os seus liderados, coloca na cabeça dessas pessoas? Não são divisas, nem economia que essa gente traz para este Estado?

Agora, esses líderes, as idéias que eles têm e colocam na cabeça dessas pessoas são um risco. Vejam V. Ex.ªs: “Rainha indiciado, no começo do ano, em três inquéritos, pela Polícia Federal, por impedir o funcionamento de bancos; foi preso em Euclides da Cunha, por porte ilegal de uma escopeta calibre 12.” É um líder do Movimento, preso com uma arma de guerra. O que um cidadão, como esse, coloca nas cabeças dessas pessoas? E hoje o País vive nessa insegurança! Quantos policiais - já encerro, Sr. Presidente - deveriam estar em seus Municípios para dar segurança a nossa população e estão lá protegendo as pessoas para que não haja uma tragédia maior. A Constituição é clara: dá o direito de ir e vir a qualquer cidadão. E os donos dessas propriedades não têm esse direito, porque quem decide a entrada ou a saída das propriedades são esses invasores. Ora, Sr. Presidente, não sei, sinceramente, o caminho que será tomado se não forem tomadas severas e rígidas providências pelos nossos governos, pelas pessoas que têm a responsabilidade de dar segurança, segurança, que é uma fatia da economia do nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra em Comunicações. Ausente. A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Ver. Paulo Brum, presidindo os trabalhos nesta manhã; Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, no dia 5 de novembro do ano passado tivemos a oportunidade de visitar o Presídio Central para acompanhar os trabalhos da escola dentro do Presídio, que hoje tem mais de mil e quinhentos apenados. Aquela escola possui treze professores, uma secretária e uma bibliotecária - por falar em bibliotecária, a biblioteca da escola tem um acervo de mais de dez mil volumes. Nessa escola, os presidiários têm a oportunidade de se alfabetizar, de concluir o ensino fundamental, pelo supletivo, de concluir o ensino médio, também pelo supletivo.

Na oportunidade em que nós estivemos lá, cogitava-se da possibilidade de aquela escola ser fechada. Imediatamente, tivemos uma reunião com o Sr. Airton Michel, na oportunidade Diretor da SUSEPE e hoje Secretário substituto da Secretaria da Segurança e da Justiça, que nos disse que a escola não seria fechada; o que aconteceria é que talvez houvesse uma reforma e a escola seria deslocada para um outro local. Só que na semana passada a escola fechou. Diante disso, eu quero trazer uns dados importantes: que, a partir de agora, oitocentos presidiários, que são atendidos anualmente, vão deixar de ter escola. Isso é muito sério, porque para aquelas pessoas que estão lá confinadas, com a sua auto-estima muito baixa, sem perspectivas de vida, talvez uma das poucas motivações que elas tenham é poder estudar para, quando saírem do presídio, depois de cumprirem a sua pena, buscarem uma alternativa melhor. Pois isso, desde a semana passada, foi cerceado, criando mais um problema social dentro do presídio, porque essas pessoas normalmente ficam sem ocupação. Aí seria uma outra discussão sobre o modelo do sistema carcerário, não só aqui no Estado, mas o modelo carcerário vigente no nosso País. A nossa preocupação é em relação aos oitocentos presidiários que ficarão sem escola e sem atendimento. Além disso, como fica o acervo de dez mil livros que a bibliotecária diuturnamente entrega aos presidiários para eles poderem ter a sua leitura?

Uma informação, um dado curioso: fui saber qual tipo de leitura, de literatura os presidiários mais gostavam. Eu achei que fosse leitura jurídica, mas não é. O que eles mais gostam de ler são poesias, mostrando que a questão do sonho é algo constante. Eles estão lá, sim, por gravíssimos problemas sociais e distorções individuais, mas nós queremos e devemos ter o direito à dignidade que, neste momento, está sendo cerceado. Hoje este Vereador faz a primeira denúncia, mas vai começar a fazer uma campanha para que os nossos presidiários, cidadãos enclausurados, possam ter o direito ao estudo e, possivelmente, recuperar a sua dignidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Estilac Xavier, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Antônio Losada está com a palavra nos termos regimentais.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, e demais presentes, na qualidade de Suplente, exercendo, hoje, a titularidade, substituindo o Ver. Estilac Xavier, gostaria de saudar os Vereadores desta Legislatura e aqueles que tive a oportunidade de acompanhar na Legislatura passada.

Gostaria de destacar a importância do papel do Vereador na comunidade, papel esse que alguns Vereadores desta Casa têm desempenhado com tanta eficácia, sabedoria e honestidade. Quero destacar, nesse trabalho, principalmente os Vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores - Vereadores esses que têm uma identificação com a comunidade, em decorrência das suas origens e do seu trabalho comunitário. Entretanto, há, em todas as Bancadas, Vereadores com destaque muito grande nesse trabalho comunitário. Não vou citar nomes, com medo de omitir alguém, mas aqui mesmo, neste Plenário, eu vejo Vereadores que têm uma interação muito grande com essas comunidades.

Eu queria dizer um pouquinho sobre a minha atuação, neste espaço de um ano e meio, no trabalho comunitário que desenvolvo na periferia da Cidade, principalmente na zona Sul, na Vila dos Sargentos, no Beco do Adelar, no Guará, no Guarujá, Serraria, Tristeza. É um trabalho numa área onde tem classe média, classe média alta, pobres, excluídos da sociedade, desempregados. E em muitas dessas áreas há carência de infra-estrutura. Eu quero destacar, com isso, a importância da conscientização da organização popular para se encontrar alternativas a esse modelo já superado, caduco, defendido pelo Governo Central. Problemas de desemprego, de falta de habitação, de exclusão social – pessoas que nunca tiveram oportunidades nesta sociedade. Muitas vezes ouvimos críticas neste microfone só sobre a superfície desses problemas, e são omitidos os problemas estruturais desta Nação, de onde decorrem a exclusão, a miséria, a falta de habitação e de infra-estrutura, de saúde, de educação.

Há pouco, o nobre Ver. Carlos Alberto Garcia falava aqui do sistema prisional. O Brasil tem hoje em torno de duzentos e cinqüenta mil presos, todos originários da área popular, da pobreza, do desemprego, da exclusão, já que as elites raramente vão para o presídio.

Eu quero aproveitar este minuto para dizer, com bastante firmeza e convicção ao Ver. Carlos Alberto Garcia, que preside os trabalhos - e é uma satisfação dizer isso na presença de V. Ex.ª -, que esses presídios só funcionam porque os presos trabalham. Em torno de 30% dos presos trabalham praticamente de graça, ganhando duas carteiras de cigarro por semana. São responsáveis pela lavanderia, pela cozinha, pela limpeza, pela conservação, pela mecânica, por tudo dentro dos presídios. O papel dos agentes é só o de cuidar dos portões, Ver. Carlos Alberto Garcia. Tive a oportunidade, durante a ditadura militar, de ficar preso, numa condenação de dez anos. Durante seis anos, apesar de primário e nunca ter um processo definitivamente julgado, estudei dentro de um presídio, o que é muito mais, às vezes, proporcionado para atender o interesse de um professor que vem de fora, liberado, do que o interesse dos presos. Concluí o primeiro e o segundo graus dentro de um presídio, através do processo supletivo de educação. Recebi autorização do Auditor Militar Sr. Dorvalino Tonin para prestar vestibular. Prestei o vestibular, fui o vigésimo sétimo colocado no vestibular de Direito. Entretanto, aquele juiz, posteriormente, me negou a possibilidade de freqüentar o curso, embora escoltado por guardas, segurança, preenchendo todos os requisitos necessários capazes de garantir a minha custódia.

Sr. Presidente, é importante que se diga, falam muito que um preso custa uma fortuna. Eles embutem nesse cálculo todo um sistema burocrático, jurídico, e o preso não usufrui desse sistema, é mais um aparato de acomodamento do próprio sistema que obriga ao enclausuramento esses infratores.

Sr. Presidente, quero agradecer a oportunidade e dizer da minha alegria de conviver, de participar, com os Vereadores, nesta Casa, neste dia de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado, Ver. Antônio Losada. Esta Mesa, inclusive, foi mais tolerante com o tempo, porque o Ver. Antônio Losada está retornando e, de maneira brilhante, fez uma grande alocução. Então, Ver. Antônio Losada, seja bem-vindo a esta Casa, mais uma vez, porque a sua presença faz crescer, e muito, a nossa Câmara de Vereadores.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1547/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 087/02, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que acrescenta § 3º ao art. 1º da Lei nº 8.758, de 29 de agosto de 2001, que institui, no âmbito municipal, o Dia Municipal da Cultura e da Paz, adota a Bandeira da Paz e dá outras providências.

 

PROC. 1593/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que autoriza a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) a adquirir meios de transporte adequados, guinchos e mecanismos necessários para retirar animais de grande porte das ruas do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1626/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/02, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que dispõe sobre o parcelamento de valor de multa de trânsito, preços públicos e encargos, nas situações que menciona, e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1540/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 007/02, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que proíbe ao Executivo Municipal o corte no fornecimento de água a consumidores.

 

PROC. 1574/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados.

 

PROC. 1602/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 091/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Waldemar Pinheiro Cantergi um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.

 

PROC. 1630/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/02, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Dr. Ivo Antônio Custodio Ardais um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Moradas da Hípica.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 4748/01 - SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria dos Vereadores Beto Moesch, Sebastião Melo e Aldacir Oliboni, que acrescenta dispositivo na Lei Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992, e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 027/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje o que me motivou a participar do período de Pauta é o Projeto de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Essa temática, sempre que trazida a esta Casa, discorre com muita relevância. Este Projeto, a cada Legislatura, é apresentado. Na Legislatura passada foi apresentado aqui nesta Casa, depois de uma longa polêmica, depois de mais de um ano de discussão, e o Projeto foi aprovado por uma diferença de um voto. Mudou a Legislatura, o Prefeito Tarso Genro vetou o Projeto, e esta Casa, por vinte e seis dos atuais Vereadores, resolveu manter o Veto.

Este Vereador achava que essa temática, já que nesta Legislatura vinte e seis Vereadores foram contra, já estaria, no caso, morta, mas fomos surpreendidos mais uma vez com o reingresso dessa proposta, pelo Ver. Haroldo de Souza. Mas o Ver. Haroldo de Souza tem uma característica: ele já assomou a essa tribuna dizendo que este Projeto ele apresentou porque existe um compromisso por parte dos empresários, a CDL e outros segmentos, com o compromisso público de: primeiro, gerar novos empregos, e que, segundo o Vereador, seriam alguns milhares de novos empregos; segundo, também com o acordo de pagamento diferenciado aos comerciários que trabalharem aos domingos e feriados. É isso o que sempre se buscou.

Então, este Vereador está propondo que haja um entendimento entre comerciários e comerciantes, e que assinem um protocolo dizendo que os comerciantes assumem o compromisso público com a população de Porto Alegre de gerar alguns milhares de empregos. E vamos especificar quantos empregos serão gerados. Vamos assumir o compromisso, perante os trinta e três Vereadores, de acordarem que, aos domingos e feriados, os comerciários terão um valor diferenciado, fruto do seu trabalho. E aí esta Casa, tranqüilamente, vai concordar, porque nós sempre dissemos que o que se quer, na realidade, é que haja um entendimento entre ambas as partes. Mas, aparentemente, isso está longe ainda, não é esse o entendimento.

Agora estamos nos aproximando do Dia das Mães. Imaginem os senhores e as senhoras o comércio abrindo e as famílias ficando desassociadas. É aquilo que eu digo: uma das nossas preocupações é que, a cada domingo em que o comércio fica aberto, a família não se encontra, a família fica distante. E ainda mais: se um dos membros da família estiver trabalhando, não por uma permuta de um domingo por uma segunda-feira, terça-feira, ou outro dia, mas como hora-extra, por um valor acordado entre ambos os sindicatos. Isso nos preocupa.

Temos a certeza, com a clarividência que sempre foi norte do Ver. Haroldo de Souza, de que ou esse Projeto evolui por um consenso ou ele será retirado para, mais uma vez, não termos que nos desgastar e vermos essa proposta sem algo de concretude.

Então, Ver. Haroldo de Souza, peço a sua reflexão sobre este Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): É com muito prazer que anunciamos a presença entre nós de um grupo de rotarianos e de seus convidados, que vêm do distante mas muito acolhedor País, a Finlândia. A delegação é composta por Mr. Seppo Suhonen; Mrs. Virpi; Ms. Taina; Mr. Ilkka e Mr. Harri. A todos vocês as nossas boas-vindas. Queremos, em nome da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, desejar uma boa estada, não somente em Porto Alegre, mas no Rio Grande do Sul. Temos a certeza de que o calor humano, muito típico dos gaúchos e dos porto-alegrenses, vai fazer com que vocês possam, literalmente, sentir-se em casa, apesar da longa distância existente entre a Finlândia e o Brasil, especialmente a cidade de Porto Alegre e o nosso Estado. Nós temos certeza de que vocês estarão sendo acolhidos com muito calor humano, não somente pelos grupos rotarianos que estão acolhendo a todos vocês, mas por todos nós, por todos os gaúchos. Sejam bem-vindos. (Palmas.)

Passo a Presidência ao 1.º Vice-Presidente desta Casa, Ver. Carlos Alberto Garcia.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu também saúdo o Rotary e, em especial, os rotarianos finlandeses.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos os dias em que posso ocupar a tribuna para discutir a Pauta, eu o faço com muito prazer, porque acho que nesse momento nós começamos a estudar os Projetos que são trazidos à Casa.

Hoje, na Ordem do Dia, depois de uma blitz feita para retirar uma série de Projetos que estavam em Pauta, votando vinte ou mais Projetos em bloco, duas ou três vezes, nós voltamos a ter na Ordem do Dia setenta e sete projetos para serem analisados. Ora, isso é um absurdo, não tem Legislativo que consiga vencer tal sistema de leis que acontece. Vejam que aqui, por exemplo, o Ver. Adeli Sell autoriza a Empresa Pública de Transporte e Circulação a adquirir meios de transporte adequados, guinchos e mecanismos necessários para retirar animais de grande porte das ruas do Município de Porto Alegre. Para que eu faça uma lei desse tipo, teria que haver uma lei proibindo a EPTC de adquirir equipamento para que possa solucionar convenientemente. É uma vergonha que a Prefeitura não tenha pensado nisso, porque sempre houve, por intermédio do Departamento de Limpeza Urbana, condições de retirar qualquer animal da via pública, morto ou ferido. Agora, temos que fazer uma lei! Isso é uma aberração. Não posso entender que isso ocorra. Então, há necessidade de lei, e autorizando a fazer, não é obrigado a fazer. A responsabilidade faz com que a ETPC, a SMT, a Prefeitura - de um Prefeito que abandonou a Cidade - saibam que tem que ter equipamento para retirar da via pública animais feridos e, especialmente, animais mortos. Mas é mais um Projeto de Lei.

O Ver. Fernando Záchia deseja parcelar as multas de trânsito. O Secretário Municipal de Transportes, o douto Diretor da EPTC, já disse que esse tipo de legislação não compete ao Município, e sim à União. Está equivocado. A União, por meio do Código de Trânsito, diz como se multa, por que se multa e quando se multa. A cobrança não cabe à União, a cobrança é do Município e o Município pode fazê-lo. Mas o Secretário – e é difícil falar com ele – já deu notícia, dizendo que o Projeto está equivocado.

O Ver. Paulo Brum estava-me dizendo que, em 2000, apresentou projeto semelhante, e a Secretaria Municipal dos Transportes também disse que era uma coisa do Código Nacional do Trânsito. Estão todos eles equivocados. O que a fiscalização deve fazer é ajudar a orientar, ajudar a disciplinar o trânsito e não apenas fazer uma fábrica de multas para enriquecer mais a Prefeitura, que mantém aplicados no sistema financeiro 120 milhões de reais, enquanto a Cidade precisa de campanha educativa, precisa tapar buracos, cuidar dos alagamentos e de uma série de coisas.

Dizem que não têm 2 milhões para resolver o problema do complexo da Conceição, mas têm 130 milhões de reais aplicados no sistema financeiro, a 1,5%. Não sei para quem vai o dinheiro. Eu já estou colocando dúvidas, porque a insistência em colocar dinheiro no sistema financeiro é muito grande. Como se fala aqui todos os dias sobre esse assunto, e eles continuam fazendo, eu acho até que é difícil explicar para onde vai esse dinheiro, porque a Prefeitura está prevendo para o Orçamento de 2002 uma arrecadação de 26 milhões de reais por aplicação no sistema financeiro.

Eu devo dizer que, mantendo aplicados, em média, 140, 150, 130 milhões, o ano todo, deve ser muito pouco esse rendimento. Na verdade, eu gostaria de discutir, na próxima semana, o problema do Projeto do Ver. Haroldo de Souza pela liberdade de abertura do comércio, e eu sou favorável a isso. Não posso entender uma Secretaria de Indústria e Comércio - que deveria ser este o seu nome - ameaçando os comerciantes com multas de 3 mil a 30 mil reais, quando a Lei Municipal diz que é de cem reais até mil reais. Por isso é que eu digo: o nosso problema não é a lei; é a falta de cumprimento da lei. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia de hoje, na questão da Pauta, vamos tratar novamente do Projeto do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Na quarta-feira, nós examinamos esse Projeto, do ponto de vista da sua legitimidade, como lei municipal, como sendo o âmbito da decisão dessa questão, e comprovamos, por todos os aspectos e maneiras de examinar, que somente uma lei municipal pode decidir pela abertura ou pela não-abertura. A lei federal só prevalecerá no caso de não haver legislação municipal. Nesse ponto de vista, realmente é legítimo o Projeto de Lei.

O que nós discordamos é no conteúdo dele, e é o problema que vamos abordar hoje. O que o Ver. Haroldo de Souza coloca no seu Projeto: “Fica autorizado o funcionamento do comércio aos domingos e feriados.” Ou seja, não há mais nenhum impeditivo para que, nos cinqüenta e dois domingos do ano, em todos os feriados do ano, em todos os feriadões, o comércio abra, mesmo que não seja levado por seus sócios ou familiares em primeiro grau, e mesmo que não seja nenhum dos vinte e três casos considerados comércio essencial pelo seu tipo, por exemplo, aeroporto, ferroviária, hotel, posto de combustível, fruteira, que todos nós sabemos que a lei não impede. Ou seja, é a liberação total.

Qual é o grande argumento? Isso vai aumentar o emprego, isso vai aumentar as vendas. Somente quem não conhece o á-bê-cê da economia pode usar esse argumento. Vejamos: do que depende o poder de compra do povo? Do salário dele, do poder aquisitivo, ou do número de dias em que abre o comércio? Evidentemente que do poder de compra. Eu pergunto: quanto aumentará o poder de compra do povo brasileiro, gaúcho ou porto-alegrense se aumentar um dia de abertura do comércio? Absolutamente zero por cento. Eu não compro mais porque abre mais o comércio; aliás, em uma hora talvez a maioria do povo não consiga comprar tudo o que precisa, porque não tem o dinheiro. Então, o que vai acontecer é que as mesmas vendas, que ocupavam seis dias, passarão a ser feitas em sete dias, e se distribuirão. Isso não aumentará o número de empregos, porque não aumentará o aumento de vendas, isso não aumentará o ganho do comerciário, porque o comerciário trabalhará sete dias para ter a mesma comissão, porque ele vai trabalhar o mesmo tempo e, ao contrário, isso levará a uma verdadeira escravização do comerciário, que, em 1884, conseguiu o fechamento das portas aos domingos.

Aí, dizia o Ver. João Antonio Dib: “Não, mas a comerciária gostaria de, na quinta-feira, ir à escola ver tal assunto...”. Ver. João Antonio Dib, a comerciária tem família, tem filhos, tem esposo, tem direito ao lazer, tem direito a ir ao cinema com a sua família, tem direito a passear no Brique com a sua família e não poderá, porque na quinta-feira, Ver. João Antonio Dib, quando ela estiver livre, a família estará trabalhando, o esposo estará em uma empresa, o filho estará na escola, e não poderá, em hipótese alguma, desfrutar a vida; ela não quer somente comprar. Aliás, se ela quiser comprar, terá o horário do almoço, quando ela puder sair, e existe também o fim da tarde, porque os shoppings ficam abertos até as 22h. Ninguém pode alegar que não consegue comprar porque não tem tempo. Têm de ir à missa, diz o Ver. João Carlos Nedel.  Todos aqueles que professam uma religião têm o direito do dia consagrado, e até isso estão tirando do povo brasileiro, que é um povo majoritariamente cristão, e nós respeitamos, Ver. João Carlos Nedel, essa opção religiosa.

Infelizmente, Ver. João Antonio Dib, não posso conceder-lhe um aparte agora, mas V. Ex.ª usará da palavra no próximo tempo de Pauta.

Pela relevância do tema, eu peço o meu tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: O que mais eu quero avançar neste debate? Em primeiro lugar, não aumentarão as vendas.

Primeira conclusão: a abertura do comércio aos domingos e aos feriados não aumentará as vendas, que dependem do poder aquisitivo e não do número de dias que abre, e escravizará os comerciários, que são totalmente contra. Não se conseguirá, Ver. João Antonio Dib, 3% de comerciários que apóiem essa abertura. Mas há mais um prejuízo para os comerciários, Ver. Juberlei Bacelo. Veja bem: hoje, como a lei atual permite a abertura eventual pela livre negociação - e eu sou a favor da livre negociação, Ver. João Carlos Nedel -, é isso que temos de defender, e aí os comerciários têm a capacidade de ter um ganho a mais, de pedir o bônus, que hoje é de 26 reais, de ter o vale-refeição, de ter o vale-transporte. Então, o argumento do Ver. Haroldo de Souza, no sentido de que o comerciário não perderá nada, que os seus direitos serão garantidos, terá os direitos da CLT, aliás, já estão tirando a CLT do trabalhador e, daqui a pouco, nem isso vai ter, e os direitos da CLT são, simplesmente, substituir em um outro dia, ao critério, não do comerciário, que aí poderia até escolher, eventualmente, mas por critério do patrão. Então, ele não só ficará escravizado, como perderá os 26 reais. Tanto é assim que o Sr. Marconato, Presidente do SINDILOJAS, se negou a assinar - poderia ter assinado - a abertura do comércio pelo menos em dez, onze domingos ao ano, porque não quis dar os 26 reais. Está aí o problema! Não é a liberdade do comércio que eles querem, porque aí poderiam negociar. O que eles querem é tirar os 26 reais que aquela comerciária ou aquele comerciário, por trabalharem no domingo, teriam direito; aqueles 3, 4 reais do vale-refeição, que eles teriam direito. A liberdade que eles querem não é de comércio, Srs. Vereadores. A liberdade que eles querem é de exploração.

Recebi um fax vindo dos pequenos empresários, - CAPA - Coordenadoria das Associações Empresais de Bairros de Porto Alegre, que resolveu: aí vêm dez quesitos questionando o SINDILOJAS, questionando a abertura do comércio aos domingos e questionando o incitamento, a desordem civil que o SINDILOJAS fez na semana passada. Eu pergunto: Por que a maioria dos pequenos empresários é contra, também? Porque nesse caso, esta lei, esta abertura indiscriminada, além de prejudicar, Ver. Ervino Besson - e V. Ex.ª votou conosco, contra esta lei bárbara, esta lei escravocrata, que prejudica o pequeno comerciante, Ver. João Batista Pirulito, e o comerciante de rua... Por quê? Aí é fácil, o raciocínio é fácil. Porque, se uma pessoa sai no domingo – se for sair não para se divertir –, se for sair para comprar, onde ela irá comprar? Ela vai-se deslocar do seu bairro para a Azenha? Vai-se deslocar para a Assis Brasil? Ou para a Venâncio Aires? Não, ela vai para o shopping. Lá tem o cinema, tem a área de alimentação, tudo bem, é válido. O que estou dizendo é a conseqüência para o pequeno comerciante, para o comerciante de rua. Ele vai perder as vendas para o shopping. Além de o comerciário ser prejudicado, o pequeno comerciante é prejudicado. Prejudicado, também, é o comerciante de rua, de bairro. E aquela venda que ele tinha durante a semana, na segunda, na terça, cai verticalmente. É por isso que os comerciantes também são contra. Alguém pode questionar, mas o consumidor se beneficia!

Em primeiro lugar – já outro dia o Ver. Zé Valdir afirmou –, nós não vivemos para comprar. Pode-se dizer o contrário: nós compramos para viver. Se nós já temos seis dias para comprar, não temos dinheiro no bolso nem para comprar dois dias. Agora querem que até no Domingo, quando a pessoa quer se divertir, quer ter lazer ou quer praticar a sua religião, ela tem de comprar também, minha gente? Mas em que mundo nós estamos? É o mundo do consumismo? Nós somos escravos do consumo? Não é isso. Mas eu vou mostrar que mesmo o consumidor vai ser prejudicado. Porque hoje, chega no fim de semana, queima o chuveiro e eu tenho de comprar uma resistência, eu vou na ferragem ali do bairro, não é verdade? E, inclusive, no bairro abre o pequeno comércio no domingo, porque é tocado pelo próprio proprietário. Quando esse processo liquidar com o pequeno comerciante no bairro, na vila, quando eu quiser comprar a resistência do chuveiro, vou ter de me deslocar para o shopping, e aí o consumidor vai sentir que, a médio prazo, ele também foi “ferrado”; ele vai ter de tomar o carro, quando o tiver, senão ele vai ter de ir a pé, porque há poucos ônibus circulando no sábado para ele ir.

Então, minha gente, concluo, meu Presidente, esse Projeto - a intenção pode ser a melhor, do Ver. Haroldo de Souza, e eu acredito nisso - é contra o trabalhador do comércio, é contra o pequeno comerciante, o comerciante de bairro ou de vila, e é contra o consumidor, a largo prazo, porque leva à monopolização pelos shoppings centers. E o morador, quando precisar, perto do seu bairro, alguma coisa comprar, nada mais terá, e aí vai se lembrar: “Puxa vida, eu pensei que essa lei me ajudava e me ferrei!” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Paulo Brum está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Ver. Carlos Alberto Garcia, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, encontra-se em primeira Sessão de Pauta o Projeto de Lei de autoria do querido amigo Ver. Fernando Záchia, que dispõe sobre o parcelamento de valor de multa de trânsito, preços públicos, e dá outras providências.

O Ver. Fernando Záchia, todos nós o conhecemos, por sua atuação. Junto à própria imprensa já há uma consciência de que há a indústria de multa no Município de Porto Alegre, com a implantação dos famosos pardais. E o Ver. Fernando Záchia vem-se destacando, desde então, na defesa do contribuinte, na defesa do cidadão porto-alegrense.

Nós queremos fazer uma referência a que, no dia 19 de julho de 2000 - portanto, Srs. Vereadores, logo no início da implantação dos pardais -, protocolamos um Projeto de Lei, aqui, na Câmara Municipal. Eu conversava, ali, na mesa, com o Ver. João Antonio Dib, exatamente a respeito do que o Ver. Fernando Záchia propõe neste momento. O nosso Projeto dizia assim: “Dispõe sobre o parcelamento do valor das multas decorrentes da aplicação do Código de Trânsito Brasileiro no Município de Porto Alegre.” No art. 1.º: “O valor das multas decorrentes da aplicação do Código de Trânsito Brasileiro, no Município de Porto Alegre, poderá ser parcelado em até três parcelas iguais, mensais e sucessivas, desde que o montante seja superior a 300 UFIRs.” Ou seja, até 300 UFIRs o cidadão multado pagaria uma única parcela; acima de 300 UFIRs, ele ficaria, enfim, com a possibilidade de parcelar as multas em até três parcelas, e o Executivo Municipal iria regulamentar essa Lei. Para a nossa surpresa, esse nosso Projeto foi rejeitado em todas as Comissões Permanentes da nossa Casa, todas! Com a CCJ, eu até poderia concordar, porque analisa a questão técnica; a CCJ deu um parecer contrário - parecer da Ver.ª Helena Bonumá -, inclusive aprovado com restrições - temos que ressaltar - do Ver. Reginaldo Pujol e do Ver. Cláudio Sebenelo. O Ver. Luiz Braz votou contra o Parecer, portanto a favor do nosso Projeto. O Ver. Elói Guimarães também foi contra, mas os outros Vereadores detonaram a nossa preposição.

Vamos mais adiante, as outras Comissões também seguiram o embalo da CCJ, Comissões que têm que analisar a questão do mérito da proposição. A CEDECONDH, por exemplo, que é a Comissão que trata da defesa do consumidor, analisou um projeto dessa magnitude, que vem exatamente ao encontro das necessidades do nosso consumidor, e o Parecer do Ver. Cassiá Carpes foi pela rejeição do nosso Projeto. A proposta que tínhamos no ano de 2000 foi detonada.

Agora, nós saudamos o Ver. Fernando Záchia, que reapresenta ou apresenta agora um Projeto de sua autoria que vem exatamente ao encontro daquela nossa proposta de propiciar que o cidadão de Porto Alegre não seja atacado por essa fúria da indústria da multa, que tem o único objetivo de fazer caixa para a EPTC. Na construção da própria EPTC, uma das fontes da EPTC é a multa em Porto Alegre.

O Ver. Fernando Záchia apresenta este Projeto. Inclusive, nós já vamos declarar o nosso voto: somos favoráveis a que haja esse parcelamento, porém, faço um pedido a V. Ex.ª: assim que o Regimento permitir, peça o art. 81 para que o Plenário desta Casa possa debater, apreciar, votar e, sem sombra de dúvida, aprovar o seu Projeto. Se o Projeto seguir o Regimento, e tiver que passar nas Comissões Permanentes da Casa, a coerência determinará que também as Comissões rejeitem o Projeto de V. Ex.ª. Portanto, alerto V. Ex.ª no sentido de que peça o art. 81, e o Plenário desta Casa irá decidir pelo bem do povo, pelo bem do contribuinte porto-alegrense. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum; Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores e demais presentes, temos, como sempre, na Pauta, às vezes mais, às vezes menos, muitos projetos a discutir. Destaco, em primeiro lugar, o Projeto da abertura do comércio aos domingos. Esta matéria é recorrente nesta Casa, não só nesta Legislatura. Nesta Legislatura, quando assumimos o mandato, apreciamos o Veto oriundo do Governo anterior, do Prefeito Raul Pont, ao Projeto do Ver. Hélio Corbellini, que tentava autorizar a abertura do comércio aos domingos. Esta Casa, se não me engano, acolheu o Veto do Sr. Prefeito, dizendo que a Lei que está em vigor, de 1992 - e que na nossa avaliação foi bem construída - é uma Lei que atende ao conjunto de interesses da Cidade. Por que ela atende aos interesses do conjunto da Cidade? Porque, em primeiro lugar, a Lei não estabelece que o comércio esteja proibido de abrir aos domingos e, pelo contrário, estabelece regras para que o comércio possa abrir aos domingos. Tanto é verdade, que o comércio, em Porto Alegre, vem funcionando nos domingos que antecedem ao Dia da Mães, ao Natal, à Páscoa, entre outras datas comemorativas.

Em segundo lugar, essa mesma Lei estabelece que o pequeno comércio, operacionalizado por familiares e por parentes até primeiro grau também está autorizado a funcionar aos domingos. Também a Lei estabelece que, se houver acordo entre sindicato patronal e sindicato dos empregados, o comércio pode funcionar aos domingos, afora aquilo que a lei federal estabelece, que são os serviços essenciais - e também isso já vem funcionando ao longo do tempo.

Qual é o grande argumento daqueles que defendem a abertura do comércio aos domingos? Dizem que isso geraria mais empregos para a Cidade. Quando se fala em emprego, isso é sensível a qualquer cidadão, mas não basta falar que vai ter emprego, Ver. Cassiá Carpes, é preciso mostrar, na prática, porque, às vezes, a abertura de uma vaga no shopping center significa o fechamento de três vagas na Wenceslau Escobar ou de cinco na Assis Brasil.

O comércio de rua, com seus oito mil pontos na Cidade, vem perdendo geometricamente a sua clientela. E vem perdendo por várias razões: pela falta de poder econômico, pela questão da segurança – e aí o Poder Público tem responsabilidade pelo esvaziamento do comércio de rua -, pelas obras da Cidade, que muitas vezes transformam localidades em comércios que não conseguem sobreviver devido à forma com que a Prefeitura conduz a obra, matando à mingua o comércio; a questão do estacionamento, pois no entorno dessas zonas comerciais é difícil e, muitas vezes, impossível estacionar. As dificuldades são enormes.

Então, temos de debater esta matéria - sempre oportuna - sem paixões, com firmeza, com a questão que está posta. Mas ela tem dois veios que precisam ser observados, na nossa avaliação. Primeiro, precisamos analisar a questão dos comerciários, trabalhadores que merecem um descanso dominical; e, de outro lado, esta Casa não pode deixar de examinar com profundidade a questão dos pequenos comércios da Cidade, que já vivem enormes dificuldades. E eu sempre utilizo a figura do mercadinho, que sobrevive na semana e que no final de semana tem um plus, porque ali os moradores do entorno vão adquirir a carne, e estendem a sua compra além da carne.

Portanto, não podemos analisar esta matéria simplesmente: temos que analisar o seu conjunto. É claro que, se perguntarmos a qualquer cidadão, ele vai querer que o comércio esteja aberto noite e dia, toda a hora, todo o momento. Mas nós temos de olhar o conjunto da Cidade, e, na nossa avaliação, hoje, a abertura do comércio aos domingos tem um só beneficiado, que são os shoppings, e não o conjunto desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PTB.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, acho que essa questão do parcelamento das multas, aparentemente é assim: paga-se 500 reais, divide-se por três, por quatro, por cinco, e parece que agrada, mas imaginem nós oficializarmos o carnezinho das multas. Não quero que multem, quero que haja bom senso.

Esta Casa se manifestou, naquela oportunidade, em sua maioria, quanto a esse aspecto, não quanto ao mérito, mas não podemos instituir, a cada taxa, um carnezinho. Agora, passa a ser o carnê das multas. Será que isso não vai estimular a EPTC a multar mais? O Fulano de Tal não pagou a primeira parcela do carnezinho, então tem que apreender o carro dele, porque ele não pagou a primeira parcela. Olha, é uma confusão; isso para ganhar votos é muito bom, mas vamos com calma, porque será mais um carnezinho. Tem gente que prefere comprar à vista e ter desconto, o que é muito melhor.

Na questão das multas, o Ministério Público já se está começando a manifestar. Até vou sugerir que o Ministério Público venha à Comissão de Defesa do Consumidor e Diretos Humanos, porque o Ministério Público já está fiscalizando os “pardais”, já está fiscalizando toda essa conjuntura de multas e tem que entrar na parada. E está entrando, parabéns! Mas institucionalizar o carnezinho para multas é como se disséssemos aqui que toda taxa tem que ter um carnezinho. Temos que ter muito cuidado, porque vamos estimular mais ainda as multas com esse carnezinho das multas. Olha, vai ser bonito, a pessoa dirigindo e andar com o carnezinho: olha, paguei; o outro não pagou, e assim vai. Então, nós temos que ter muita calma, porque isso parece bonito no papel, mas vai ser engraçado.

O bom é não multar, não é ter o carnezinho, porque o carnezinho, no meu entender, vai estimular a EPTC a multar mais. Ah, está fácil, três, quatro, cinco, seis vezes, dez vezes, leva o carnezinho para casa, bota no bolso, bota ali no porta-malas e apresenta para ver se o senhor pagou ou não; vão fazer blitz para ver se o senhor pagou o carnezinho das multas.

Então, esse é o meu posicionamento: não vai adiantar nada.

Eu queria, aqui, me referir também a um Projeto autorizativo meu, que foi aprovado nesta Casa, dia 4 de abril, o de n.º 8.869, porque hoje nós temos uma matéria do O Sul. (Lê.) “O Rio Grande do Sul lidera o ranking do tráfico de drogas dentro da escola. O estudo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação aponta que em 23% dos colégios pesquisados houve testemunho da venda de entorpecentes por professores e alunos.”

Eu vou ver se hoje, ou mais tardar segunda-feira, levo este ofício aqui ao Prefeito João Verle, para que seja colocada essa Lei em prática nas escolas, a que foi aprovada. Volto a frisar, é de autoria deste Vereador, do dia 4 de abril. Portanto, nós estamos pedindo, porque é um caos. Porto Alegre já foi tachada como uma das capitais que mais usam drogas no País, e agora essa pesquisa das escolas do Rio Grande do Sul, num ranking acentuado, em primeiro lugar no Brasil.

Quanto à questão de socialista, liberalista, neoliberal, de que se fala muito, acho que o povo não quer saber se é socialista, até porque o socialismo já está saturado no mundo, até o liberalismo já está saturado. O que o povo quer saber? A maioria do povo brasileiro não sabe o que é socialismo, o que é capitalismo, o que é liberalismo. O que o povo quer? Quer saúde, em que tanto o socialismo como o capitalismo erram, quer educação, quer segurança; o povo quer saber disso, não quer saber dessas ideologias. Isso aí complica a cabeça do povo, porque isso é muito bonito na televisão, no rádio.

Então, nesses aspectos, eu acho que a população quer atuação; seja o governo de direita, de esquerda; ele quer ter saúde, educação, segurança, ele quer ter condições de trabalho, emprego, independente de qual o regime. Então, não adianta iludir o povo com capitalismo, com liberalismo; o povo quer saber se os governos vão atuar na área social, independente de ser esquerda ou direita. Portanto, Presidente, este é o meu posicionamento: que os governos passam, de esquerda e de direita, e o problema é o mesmo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando eu digo que o Prefeito Tarso Genro não administrou a Prefeitura nos quinze meses e quatro dias em que ele foi titular, pode parecer que eu esteja fazendo apenas uma manifestação política, mas, pela minha experiência de servidor público municipal por vocação, formação e convicção, a cada dia que passa, eu vejo que realmente o Prefeito não passou na Prefeitura. Recebeu salários, viajou por conta da Prefeitura, tudo isso ele fez, mas, administrar a Prefeitura, ele não fez. É tão flagrante, tão patente essa falta de administração, que o Prefeito João Verle, no Diário Oficial de quarta-feira, traz uma Ordem de Serviço - os serviços da Prefeitura deveriam andar muito mal - aos senhores secretários municipais, diretores de autarquias e departamentos. Determina o Prefeito que: (Lê.) “...quando recebida a intimação de mandado de segurança impetrado contra ato de autoridade do Município apontada como coatora, aquele que a receber deverá encaminhá-la, ato contínuo, ao assessor jurídico da Secretaria respectiva e cópia dele ao Gabinete da PGM, em mãos, para conhecimento. As remessas ao assessor jurídico e à PGM deverão ser realizadas com a prova da data do recebimento da intimação.”

É claro que a Ordem de Serviço continua, dando mais determinações. (Lê.) “Quando forem solicitadas pelo Juízo informações preliminares antes do despacho de pedido de liminar, o procedimento será o mesmo descrito nos itens anteriores, reduzindo-se os prazos para o envio de relatório preliminar à PGM para vinte e quatro horas.”

Vejam V. Ex.ªs que um Prefeito da Capital de Porto Alegre tem que se preocupar com detalhes mínimos, que estão na formação de cada servidor público. Eu não posso entender uma Procuradoria de sessenta procuradores tendo necessidade de uma Ordem de Serviço do Prefeito para que os serviços jurídicos da Prefeitura funcionem. Todos eles têm assistentes jurídicos, e querem mais assistentes jurídicos, agora, para as diferentes Secretarias. Assim também, como ele faz uma Ordem de Serviço determinando data para que “sejam informadas as autarquias, fundações subordinadas...”, “...deverão enviar à Secretaria da Fazenda ou incluir o sistema de processamento da receita orçamentária, os dados definitivos relativamente ao fechamento da receita.”

Será que o Prefeito tem que fazer isso? Isso é uma coisa que está na estrutura da Prefeitura, nas suas quinze Secretarias que eles querem agora! Eu não estou entendendo que não seja a ausência do Chefe maior, a falta de um comandante. Durante quinze meses e quatro dias, a Prefeitura não teve comandante. Agora, o ex-Vereador, Vice-Prefeito João Verle assume e se obriga a fazer Ordem de Serviço desse tipo. A Prefeitura não tinha comando, mas tinha pressa, sim, de fazer acréscimos de arrecadação.

Nós fizemos um Decreto Legislativo anulando o Decreto de S. Ex.ª, que não assumiu a Prefeitura, mas assinou o Decreto.

Nesse Decreto de prestação de serviços, por exemplo, aqui nós vemos o metro cúbico de água aumentado cerca de 18% em sua taxa. Mas, nos serviços, há aumentos de 1.096%! Um a um, nós examinamos aqui. Criaram novos serviços, por exemplo: “... taxa para a aprovação de projeto de rede de água e esgoto e loteamento.” Do loteamento de 20.000 m2, segundo o douto Prefeito - que não assumiu a Prefeitura, mas que por ela passou, e que viajou, com dinheiro da Prefeitura, com dinheiro do povo, e aplicou bastante dinheiro no sistema financeiro –, quer que se paguem 911 reais, 87 centavos para a análise do projeto. O projetista, para um terreno de 20.000 m2, dificilmente vai cobrar esses quase mil reais que a Prefeitura está querendo tomar do povo de Porto Alegre, pois quem paga é o povo, não é o que vai apresentar o projeto, porque ele vai vender e vai colocar custos, mas ele também precisa ter dinheiro para, antes de conseguir vender, aprovar o projeto. Não se cobrava nada; agora são 911 reais. Isso não tem limite de acréscimo.

Então, na verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quinze meses e quatro dias o povo de Porto Alegre pagou um Prefeito que não foi Prefeito e que agora está lá na Europa acompanhando as invasões do Movimento dos Sem-Terra pelos meios de comunicação, que são tão fáceis hoje. Pode ser que, se ele tivesse cuidado da Prefeitura, nós não estivéssemos analisando aberrações como esta: um Prefeito ter de fazer uma Ordem de Serviço para dizer como proceder no caso da chegada de um mandado de segurança a uma das suas Secretarias. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Ver. Paulo Brum, no exercício da Presidência, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, queria, de uma maneira rápida, referir-me também ao Projeto de minha autoria, que possibilita o parcelamento das multas. Diferentemente, foi dito aqui pelo Ver. Cassiá Carpes, que tem posicionamento contrário, que entende que seria criado mais um carnê.

Nós temos que lembrar que também existem aqui impostos, tributos que são, normalmente, parcelados. Por exemplo, se o cidadão de Porto Alegre não pagar o IPTU dentro do prazo normal e natural, ele irá à Secretaria da Fazenda e vai conseguir um parcelamento da dívida. Mesmo na condição de inadimplente, ele consegue, pela Secretaria da Fazenda, um parcelamento. Qual o objetivo? A Secretaria da Fazenda está dando uma condição de fazer esse pagamento para que o contribuinte deixe de ser inadimplente e passe a estar em dia com as suas obrigações. Nós temos essa discordância dos valores das multas, que não é atribuição do Município nem do Estado, é uma atribuição federal. Temos a discordância, pela comparação com a realidade econômica da sociedade brasileira. Então, é uma maneira que nós pensamos para viabilizar o pagamento das multas por parte dessas pessoas que estão hoje, permanentemente, sendo ameaçadas pelos pardais e por essas multas.

Falando em pardal, queria referir-me, nesta Comunicação de Líder, ao Projeto do Ver. Valdir Caetano, que estava na Ordem do Dia para ser votado, que é a substituição dos pardais por lombadas eletrônicas. Este Vereador tem, ao longo da sua luta neste aspecto, um pensamento absolutamente próximo ao do Ver. Valdir Caetano. Acredito ser uma medida mais transparente a substituição dos pardais pelas lombadas, mas anexei uma emenda, a Emenda n.º 02, ao Projeto do Ver. Valdir Caetano, que acrescenta parágrafos 1.º e 2.º ao art. 1.º do seu Projeto.

Diz o parágrafo 1.º do art. 1.º: “A instalação dos controles eletrônicos somente deve ser adotada em locais onde se constate grande incidência de acidentes, comprovada por dados estatísticos, dando prioridade para aqueles que apresentem maior crescimento nos últimos três anos.” Isso foi protocolado no dia 16 de abril.

 É com alegria que vejo que resolução do DENATRAN - a Portaria n.º 28, do dia 8 de maio - está legislando nacionalmente nesse sentido. “Resolve: Art. 1º - Autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via que utilizar ou vier a utilizar na fiscalização de trânsito, direta ou indiretamente, instrumento com dispositivo registrador de imagens, destinada à medição de velocidade de veículos e avanço de sinal vermelho, deverá disponibilizar ao Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN -, primeiro, estudos técnicos baseados no índice de acidentes nas características da área urbana, na geometria da via, na densidade veicular, no potencial de riscos e outros que determinem a necessidade de instalação e operação dos instrumentos nas respectivas vias.” O DENATRAN determina que para instalar-se qualquer equipamento eletrônico, pardal, “pardal móvel” ou a lombada eletrônica deverá ter, por parte da autoridade que gerencia o trânsito, ou no Estado ou no Município, um estudo técnico da capacidade veicular na avenida, da movimentação de veículos, para que não sejam instalados de uma maneira absolutamente aleatória. Parece-me que aí constrói-se um processo mais transparente, mais técnico e não se direciona com o objetivo do faturamento e da punição ao motorista, e, sim, para que possamos de fato fazer alguma ação que venha dar uma garantia à vida dos motoristas e, principalmente, à vida das pessoas. Vejo com muita simpatia essa Portaria do DENATRAN, que sustenta a Emenda deste Vereador ao Projeto do Ver. Valdir Caetano.

Refiro-me, também, à notícia do jornal Folha de São Paulo de ontem: “Multa de radar bate recorde com Marta.” Será que não é uma característica partidária? Aqui mostra uma alta de 89,2%, do ano passado, da Prefeita Marta Suplicy, em São Paulo, com as multas dos pardais, tanto os móveis quanto os fixos. Procedimento semelhante ao da Prefeitura de Porto Alegre; mera coincidência, tanto a Prefeitura de Porto Alegre quanto a de São Paulo serem do mesmo Partido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib trouxe ao debate desta Casa um tema que diz respeito à Cidade, conquanto envolve uma questão de palavra, uma questão de responsabilidade em relação a res pública, à coisa pública que diz com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com o Prefeito eleito, Tarso Genro, que renunciou ao mandato não tendo cumprido quinze meses - e, se considerarmos o tempo de viagens e de licenças, o período de exercício pleno da Prefeitura fica extremamente reduzido. O tempo foi-se passando, e o ano de 2001, primeiro ano de mandato, teve quase trinta pedidos de licença, a maior parte para viajar para a Europa, para vários países da América Latina, como Venezuela, Argentina, Uruguai e, quando parou de viajar, parou para desenvolver a sua candidatura no foro interno do Partido dos Trabalhadores.

Eu acredito que qualquer pessoa, mesmo alguém que esteja no exercício do mandato, tem o direito de pleitear uma vaga a uma candidatura. Assim aconteceu com Ildo Meneghetti, que renunciou ao seu mandato para concorrer ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul; assim aconteceu com o então Prefeito Leonel Brizola, que renunciou ao mandato para concorrer ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, mandato de Prefeito. Mas nenhum desses homens públicos, em nenhum momento, assumiu um compromisso público de permanecer no seu mandato nos quatro anos. Ele declarou: “Declaro peremptoriamente que, se eleito, cumprirei os quatro anos de mandato.” Não há circunstância e condicionamento político que justifique uma renúncia nas condições depois da palavra na forma como foi empenhada. Neste ano, em três meses que permaneceu à frente do mandato da cidade de Porto Alegre, se formos examinar o tempo de exercício, não lhe restou sequer a metade. O Prefeito de Porto Alegre, durante esse tempo, praticamente, foi o atual Prefeito João Verle, o que restou foi o tempo, o que restou foi o Sr. João Verle sendo Prefeito da cidade de Porto Alegre praticamente durante todo esse tempo. O que nos encaminha ao ex-Prefeito Tarso Genro e hoje candidato ao Governo do Estado é a condição de um troféu de grande viajante, de pessoa que viajou todo esse tempo, durante o exercício do seu mandato. Acredito que como já foi Vice-Prefeito e exerceu muito a Prefeitura à época do Sr. Olívio Dutra, depois, quando foi Prefeito, teve uma certa apatia em relação ao exercício da Prefeitura, o que fez com que ele não governasse Porto Alegre. Registre-se que aqui os Vereadores têm assinalado problemas muito sérios nas mais diversas áreas da vida da Cidade. A vida da Cidade exige uma ação permanente, não que um Prefeito não possa fazer alguma viagem, mas não no número e nas condições em que o Prefeito de Porto Alegre as fez. E depois, praticamente, ignorou a sua condição de Prefeito e o seu mandato, a procuração que lhe outorgou o povo de Porto Alegre para governar a Cidade. A saída e a viagem normalmente devem-se constituir numa excepcionalidade, mas, no caso do Sr. Tarso Genro, foi o contrário: as viagens e as saídas foram a regra, e a excepcionalidade foi a administração. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Paulo Brum, na Presidência dos trabalhos na Sessão de hoje, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara. O Ver. Isaac Ainhorn trouxe aqui nesta tribuna, na verdade, o reflexo do dia do desespero, preocupado com o nosso candidato a Governador Tarso Genro, ele que apóia, o seu Partido que apóia Ciro Gomes, Ver. Ervino Besson. Ciro Gomes renunciou à Prefeitura de Fortaleza, com quinze meses de mandato, para concorrer ao Governo, é o candidato de vocês à Presidência. Se vocês acreditam que isso está errado, por que não criticam aqui o Ciro Gomes, então, candidato a Presidente pelo PDT? O Ver. Isaac Ainhorn não está me ouvindo, agora, mas eu gostaria de entender por que o Ver. Isaac Ainhorn não criticou o seu candidato a Presidente, Ciro Gomes, quando renunciou quinze meses depois de assumir a Prefeitura, para concorrer ao Governo do Estado, e é o seu candidato a Presidente. Ver. Ervino Besson, espero que o PDT faça a mesma crítica, então, já que o seu candidato a Presidente também renunciou para ser candidato a Governador; isso aconteceu em 89, talvez por não conhecer tão bem. Isso está no site do seu candidato, V. Ex.ª abra o site: “Ciro, Prefeito de Fortaleza”, Ver. Isaac Ainhorn. Abra o site do seu candidato a Presidente e descubra que ele renunciou com quinze meses de mandato para concorrer a Governador. V. Ex.ª tem que ter coerência, quando vier aqui na tribuna. Já que V. Ex.ª acha tão errado, então critique o seu candidato a Presidente, também; critique o seu candidato a Presidente que renunciou para ser candidato a Governador.

Mas o Ver. Isaac Ainhorn não ficou satisfeito com essa crítica, preocupado que está com a possibilidade de o governo democrático popular continuar neste Estado, Ver. Raul Carrion, mais quatro anos, Vereador. O Ver. Isaac Ainhorn disse que o Prefeito Tarso Genro viajou demais, representando a Cidade, não é, Ver. Záchia? Eu e o Ver. Fernando Záchia até o acompanhamos na viagem ao Uruguai, com muita honra, foi um bom trabalho de convênio cultural. Mas, Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª fez as contas erradas, o Prefeito Tarso Genro governou Porto Alegre por três mil trezentos e oitenta dias, quando foi Prefeito, durante nove anos, dedicando-se a esta Cidade; nove anos e três meses, Vice-Prefeito, Prefeito, sendo Prefeito por mais quinze anos, três mil trezentos e oitenta dias. Sabe quanto significa as viagens que o nosso Prefeito Tarso Genro fez, nesse período todo, Ver. Pedro Américo Leal? Significa menos de 1% dos dias em que esteve nesta Cidade governando Porto Alegre; menos de 1% desses dias ele esteve ausente, ou seja, 99% dos dias o Prefeito Tarso Genro esteve aqui. E esse menos de 1%, Ver. Ervino Besson, foi representando e, muito bem, a cidade de Porto Alegre, que votou para que ele a representasse, numa série de convênios, trazendo - e talvez, aí é que o Ver. Isaac Ainhorn fique com uma certa “dor-de-cotovelo” - para Porto Alegre o Fórum Social Mundial; trazendo para Porto Alegre a atenção do mundo, trazendo para Porto Alegre e fazendo de Porto Alegre uma referência mundial para a democracia, na participação popular, na referência de gestão pública; essa é a diferença, Ver. Isaac Ainhorn. E a população de Porto Alegre sabe avaliar isso, e por isso mesmo o escolheu Prefeito pela segunda vez em Porto Alegre e, com certeza, o povo gaúcho o escolherá Governador do Estado para avançar cada vez mais o projeto democrático popular no nosso Estado; e, com certeza, terá o apoio do então Presidente da República, que também será eleito para fazer a transformação do Brasil com o governo democrático popular, o companheiro Lula, presidente deste País, estará junto com os gaúchos e com o nosso futuro Governador Tarso Genro, transformando e fazendo avançar cada vez mais o nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, presidindo os trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, é claro que o Ver. Marcelo Danéris trouxe para esta tribuna alguns dados que não podem ser comprovados. O tempo que o Ver. Marcelo Danéris disse que o Prefeito Tarso Genro esteve à frente da Administração Municipal, sobre isso eu gostaria que ele apresentasse realmente as provas para que nós pudéssemos apresentar as contestações, porque a maior parte do tempo, o Prefeito Tarso Genro passou viajando. Eu acho que ele conheceu melhor a Europa, durante esse tempo, do que Porto Alegre ou do que o Rio Grande do Sul. Mas, em todo caso, eu não vou falar sobre esse assunto, mas gostaria muito que o Ver. Marcelo Danéris pudesse apresentar aqui a comprovação dessas horas todas que o Prefeito Tarso Genro esteve à frente de Porto Alegre.

Imaginem só uma coisa, Ver. Juarez Pinheiro, muitas vezes nós temos discutido aqui a respeito da constitucionalidade da Lei de Responsabilidade Fiscal. Muitas vezes nós temos debatido sobre pareceres a Projetos que tramitam por esta Casa, e lá na Comissão de Justiça, onde nós estamos juntos, existem, na verdade, as opiniões mais divergentes sobre as possibilidades de o Município gerenciar o seu Orçamento dentro daquilo que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. E é claro que existem algumas legislações que são propostas, e a Lei de Responsabilidade Fiscal é uma delas, que acabam afrontando o que diz a Constituição. Ora, nós temos as leis, todas elas numa mesma hierarquia, mas todas essas leis que estão numa mesma hierarquia estão subordinadas àquilo que diz a Constituição. Eu ouvi o Ver. Pedro Américo Leal várias vezes falar aqui em estado de direito. Ver. Pedro Américo Leal, o estado de direito é este estado em que nós vivemos em que, de repente, todos os setores da nossa Federação, o Município, a União, os Estados, todos eles fazem as suas leis dentro daquilo que determina a Constituição Federal; todo mundo tem o seu âmbito de legislar, e o nosso Município também tem autonomia municipal que está lá na Constituição Federal, nos incisos do art. 30. Ora, essa autonomia municipal não pode ser afrontada por nenhuma legislação, nem mesmo as legislações federais, elas não são superiores à legislação municipal e à autonomia municipal.

Então, quero dizer que fico extremamente contente ao ver a decisão do Supremo Tribunal, que suspendeu parte da Lei de Responsabilidade Fiscal, principalmente naquilo que diz respeito à possibilidade do endividamento dos Municípios; o gasto para cobrir as receitas correntes. Porque antigamente o que era proibido era que o Município pudesse se endividar para fazer frente a despesas correntes. Hoje, o Supremo Tribunal Federal chegou à conclusão de que essa é, na verdade, alguma coisa que diz respeito à autonomia municipal, e mais alguns outros setores. Outros dispositivos derrubados pelo Supremo: redução do salário dos servidores, que era possível antes para se enquadrar dentro daquilo que determinava a legislação federal. Não é mais possível fazer essa redução. E outra coisa que não é mais possível: diminuição da jornada de trabalho também dos servidores. Porque antes ficava ao arbítrio do administrador municipal, que, alegando a Lei de Responsabilidade Fiscal, fazia o que bem entendia com os servidores públicos, e os servidores públicos ficavam numa camisa-de-força, porque tudo tinha o respaldo da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ora, a Lei de Responsabilidade Fiscal não poderia, de forma nenhuma, vir a atentar contra aquilo que é a necessidade do Município, a autonomia do Município de poder administrar as suas rendas, o seu Orçamento. E por isso mesmo eu bato palmas para essa decisão do Supremo Tribunal Federal, que coloca as coisas, realmente, agora, nos níveis legais: aquilo que é do interesse do Município, cabe ao Município legislar, principalmente quando está gerenciando o seu Orçamento, o seu endividamento. E eu acho que com essa decisão do Supremo Tribunal Federal nós voltamos aos termos normais de sermos regidos por uma Constituição e de termos toda legislação feita em nosso País também feita dentro dos limites estabelecidos dentro da Constituição. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu pensei que campanha política fosse proibida, mas não é, está liberada. O Ver. Marcelo Danéris chegou aqui e já até colocou o Lula na Presidência e o Tarso no Governo do Estado. Eu não sabia que podia fazer campanha, então eu quero fazer a minha, não, a minha deixa assim...

E agora que já resolvemos todos os problemas da Cidade com o pronunciamento do Líder do PT, excursionando a sua oratória pelos caminhos da campanha à Presidência, e a contagem dos dias em que o Tarso viajou, eu quero falar de segurança.

A declaração do Secretário de Segurança Pública José Paulo Bisol de que a população não deve incomodar a polícia com denúncia de assalto a ônibus, já que isso, no entendimento dele, não se trata, Ver. Pedro Américo Leal, de delito e sim de protesto social, manifestação social. Num estado de direito do cidadão poder-se-ia pedir um exame minucioso das faculdades mentais do nosso Secretário. Transformar assalto a ônibus em protesto social, tirando-lhe a qualificação de delito, só pode partir de uma cabeça perturbada. Perturbada, porque ele é inteligente. Todos sabem que o Dr. Paulo Bisol tem uma cabeça privilegiada. Quando o assalto é considerado, pelo Governo, como protesto social, estamos realmente em situação de calamidade pública, quanto à segurança do cidadão deste Estado, da Cidade e do Estado.

Primeiro se deu e se dá guarida às ações nefastas do grupo MST, que agora também invade propriedades altamente produtivas, de alta tecnologia, como é a Estância de Invernada do Grupo Agropastoril Ana Paula, uma empresa que é uma referência internacional. Logo, o MST não é um grupo de sem terras, é um grupo de políticos que faz de suas invasões atos políticos, reivindicando sim - reivindicando sim dentro dos seus direitos -, mas com ações totalmente despropositadas dentro dos direitos que devem nortear uma sociedade organizada.

O que é que a Empresa Agropastoril Ana Paula tem a ver se o INCRA deixou de vistoriar as terras do Rio Grande do Sul? Esse protesto não caberia no INCRA?

O MST deixou de ser um grupo de “coitadinhos” que reivindicam terras, mas um grupo perigosamente político, porque age dentro de uma cartilha rigorosamente elaborada para causar danos, causar estragos, causar prejuízos, sem que uma ação mais forte da Segurança Pública do Estado se faça sentir, porque tudo o que o MST faz é um protesto social; está liberado.

A conivência do Governo para com ações do grupo MST deixa a sociedade sem saber a quem apelar. Porque, primeiro era o grupo dos chamados sem-terra que estava em protestos sociais. Agora, o Sr. Secretário afirma que a polícia não deve ser incomodada com denúncias de assaltos a ônibus, porque isso, para o Secretário de Segurança, não é delito. Para o Sr. Bisol, assaltar é um protesto social, está liberado o assalto! Está liberado que os senhores assaltantes, em protesto contra a política econômica do Governo Federal, contra as desigualdades sociais, protestem em forma de assalto. Quem sabe o Secretário se incomoda com aquelas crianças que estão lá na frente do MST? Com que direito Vereadores do grupo do Governo criticam Fernando Henrique Cardoso - falo Fernando, porque acho que esse negócio de vossa excelência é uma coisa meio antipática nos meios em que vivemos, porque dá uma conotação de arrogância junto ao povo, lá na vila, mas isso é outra história. E eu dizia que as críticas que são feitas pelo PT ao Governo Federal e, principalmente, pelo representante do Partido Comunista, o Ver. Raul Carrion, eu assino embaixo. Mas gostaria de ver os críticos do Governo Federal reconhecendo os seus erros em nosso Estado, que estagnou, parou, não gera empregos, não consegue administrar ações do MST, multa, adoidadamente, pelas ruas e estradas - Não é, Ver. Fernando Záchia? - e mostra na TV, com gastos publicitários astronômicos, uma face da Cidade que realmente não existe. Um Governo, repito, que possui um Secretário de Segurança que afirma para a população que ela não deve procurar a polícia em caso de assalto a ônibus, porque assalto a ônibus é uma manifestação social e não um delito, não pode receber o apoio, pelo menos do Partido Humanista da Solidariedade. Com este Secretário de Segurança, nós estamos num mato sem cachorro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desde a reconstrução, porque na verdade foi uma reconstrução, do Theatro São Pedro, na época do Governador Jair Soares, a Sr.ª Eva Sopher é administradora do Theatro, ao longo de várias administrações estaduais, dentre as quais, depois, Pedro Simon, Alceu Collares, Antônio Britto e, atualmente, Governador Olívio Dutra. Certamente, ninguém vai duvidar dessa dedicação, eu diria, maternal da Sr.ª Eva Sopher para com o Theatro São Pedro. Aliás, é graças a essa mulher que o Theatro São Pedro, depois de trinta anos de recuperação, de reconstrução, continua em qualidade, em qualidade de pessoal, em qualidade física, porque, ao contrário de outros teatros que foram reconstruídos naquela mesma época, por exemplo, José de Alencar, de Fortaleza, o próprio Teatro de Manaus, os teatros já se deterioraram e já sofreram novas obras de recuperação, e o Theatro São Pedro, depois daquela grande obra, está intacto, graças a dona Eva Sopher e a sua equipe.

Em que pese o apoio do Governador Olívio Dutra, em que pese, tantas vezes, o apoio dos Prefeitos desta Cidade ao Theatro São Pedro, em que pese, agora, mais uma luta que a dona Eva Sopher inicia, na segunda-feira, vai haver uma reunião com a bancada federal gaúcha, com todos os Deputados, para garantir a verba votada, aprovada no Orçamento do ano passado, que não foi liberada, para o chamado anexo do Theatro. Em que pese tudo isso, parece que a EPTC quer destruir o Theatro São Pedro, quer liquidar com o Theatro São Pedro. Eu quero me referir a esse fato, a essa situação que, diuturnamente, ocorre no Theatro São Pedro (mostra fotos), que é o estacionamento de ônibus de turismo, e não é um, não são dois, às vezes são meia dúzia de ônibus de turismo que fazem terminal ali no Theatro São Pedro. Dona Eva Sopher já chamou a EPTC, já falou com o Sr. Luiz Carlos Bertotto, já houve promessas de que isso iria ser resolvido. Uma fotografia que eu tenho aqui mostra claramente que é proibido estacionamento (mostra foto), mas, contraditoriamente, atrás do ônibus, há uma outra placa, enorme, dizendo que ali é terminal de ônibus de turismo, Ver. João Antônio Dib. O que é o absurdo! Esta Cidade tem tanto lugar para parar, para fazer um terminal de ônibus turístico, como já teve ali na Azenha, como tinha antigamente na Prefeitura, eu não sei se oficial ou extra-oficial, Ver. João Antônio Dib, eu me lembro que os ônibus ficavam ali em torno da Praça Montevidéu. Eu não consigo entender, junto do Theatro São Pedro, quer dizer que, no dia que tem estréia de teatro, é fantástica a confusão. Esses veículos normalmente saem na sexta-feira de noite, exatamente quando tem o início de uma temporada e retornam no domingo de tarde, exatamente quando tem uma sessão. Então as pessoas querem chegar de táxi, os mais idosos ou as famílias que vão levar os filhos adolescentes ao Theatro, não têm onde parar. E o mais curioso, há uma foto aqui (mostra foto), muito clara nisso, é observar como os ônibus atravancam completamente o trânsito, não é só o problema do Theatro. Quando esses ônibus manobram, dando uma ré ou tentam encostar um ao lado do outro, eles trancam todo o trânsito naquele lugar. Aí, curiosamente, eu não vejo Brigada Militar e não vejo azulzinho para ajudar a coordenar, mas, sobretudo, não vejo bom senso por parte da EPTC, que põe uma placa proibindo estacionamento e, ao mesmo tempo, sinaliza com outra placa que ali é um terminal de ônibus turístico. É a maior contradição.

O Theatro São Pedro investiu um bom dinheiro para construir essa área do lado do Theatro, para quem olha de frente, fica do lado esquerdo do teatro, um acesso para deficientes físicos; foram feitas as rampas dentro de tudo aquilo que manda o figurino, pois é exatamente ali que os ônibus de turismo param. Ou seja, o Theatro cumpre a sua parte, como ente público, e o outro ente público não só não ajuda como atrapalha.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço este registro; eu vou habitualmente ao Theatro São Pedro, até por força da minha função de crítico do Jornal do Comércio e realmente fico indignado e imaginando que absurdo é esse, Ver. Pedro Américo Leal. Um teatro que investe em cultura, que traz pessoas, que faz com que caravanas venham do interior para assistir ao espetáculo, que recebe elogios do Brasil e do exterior, mas que não consegue ter o apoio de uma entidade da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para uma coisa que é simplória, que é proibir, é tirar o terminal turístico daquele lugar e colocar, por exemplo, na Travessa do Carmo, onde não vai atrapalhar ninguém, vai ficar absolutamente acessível para todo o mundo. Espero, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inclusive companheiros da Bancada do PT, que me ajudem a ajudar o Theatro São Pedro, porque estaremos ajudando a todos nós e a esta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3409/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 234/01, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que denomina Unidade de Saúde Doutor Saul Pinto Ciulla a Unidade de Saúde Bananeiras, localizada no Bairro Cel. Aparício Borges.

 

Pareceres:

- da CECE. Relator Ver. Fernando Záchia: pela rejeição do Veto Total;

- da COSMAM. Relator Ver. Ervino Besson: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 09.5 – Quinta-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em discussão o PLL n.º 234/01, com Veto Total. O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, demais presentes, estamos iniciando uma nova rodada de vetos, Ver. João Dib. Temos três vetos em pauta, começando por este, que vou agora discutir. Ao longo desse tempo que começamos as discussões de vetos, e, depois, dos nossos projetos, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, juntamente com a Bancada da Frente Popular, têm feito uma proposta e insistido com ela. Eu diria que ela foi proveitosa nas duas últimas semanas, até o episódio que aconteceu na Sessão passada. Essa proposta é simples, não tem nada de complexa. Vamos acordar projetos prioritários do Executivo, um projeto para cada Vereador, importante para a Cidade, limpar a Ordem do Dia de nomes de ruas e homenagens, aprovando sem precisar fazer a discussão, mas deixando para fazê-la no momento correto – durante a homenagem ou quando for colocado o nome na rua -, para que a Câmara de Vereadores trabalhe pela Cidade. Para isso, Ver. Dr. Goulart, a oposição não precisa deixar de ser oposição – segue sendo oposição e defendendo suas convicções -, e a situação não precisa deixar de ser situação. Com isso nós tivemos um trabalho que se desenvolveu por duas semanas. Qual era? Nós acordávamos uma Ordem do Dia, havia projetos polêmicos da oposição, tinha prioridades do Executivo – e aí não são prioridades do Executivo, são prioridades da Cidade e, portanto, não são projetos polêmicos. Quero dar alguns exemplos: a questão do HPV, a questão dos técnicos do DMAE, pista de eventos; tem uma série de projetos importantes, que podemos acordar. Mas, fechando um acordo, temos uma Ordem do Dia para votar, esse acordo deve ser cumprido por todas as partes, independente dos prejuízos que podem ter em determinadas situações.

O que aconteceu na Sessão passada, da quebra de um acordo, da inversão da ordem de votações, depois de acordado, nunca aconteceu antes aqui. Isto pode estabelecer uma quebra de confiança que nós não queremos. Nós queremos estabelecer uma relação de diálogo permanente da oposição com a bancada de situação, construindo possibilidades de votação que sejam boas para a Cidade. Mas o que aconteceu na Sessão passada é que Vereadores de oposição foram desautorizados pelos próprios Vereadores de oposição, e outros nem sabiam o que estava acontecendo. Portanto, o que aconteceu depois, como conseqüência disso? Alteraram a ordem da votação e trancaram projetos importantes, que não são da situação, do PT ou da Prefeitura, são para a Cidade, como um fundo perdido de 2 milhões e meio para a educação, resultado de um convênio da SMED com a UFRGS – e esse dinheiro, Ver. Luiz Braz, vem do BNDES, a fundo perdido, para ampliar a informatização nas escolas de Porto Alegre. Foi pedido vistas, foi trancado o Projeto; depois o do HPV, pedido de vistas, depois o dos técnicos do DMAE, pedido de vistas, trancado o Projeto. Então, temos de ter a capacidade, sem abrir mão das nossas convicções, sem deixar de ser oposição ou situação, e conseguirmos fazer um debate aqui, e cada um vai votar conforme sua consciência, conforme seus princípios, conforme a decisão de seu partido, da sua bancada, mas vamos fazer o debate, vamos construir uma ordem, conjuntamente.

Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª é testemunha, nós construímos e estava boa, estava dando certo, e V. Ex.ª não deixou de ser oposição e nem eu deixei de defender o Governo. Ao mesmo tempo, Porto Alegre sai ganhando com isso. Precisamos restabelecer essa situação, porque o que aconteceu na Sessão passada não pode mais se repetir. Aqui não é para se ver quem é que sai na frente do outro, aqui é para se ver o que é bom para Porto Alegre, e esses projetos envolvem oposição e situação. É o momento em que nós convergimos, é o momento em que projetos importantes para a Cidade precisam ser votados por todos nós. Essa é a convicção que temos.

Queremos reafirmar aqui que ter métodos para segurar votações, alterar votações todo mundo é capaz de fazer, mas acho que a única que sai perdendo nessa história toda é a população de Porto Alegre. Queremos reafirmar isso e dizer da nossa total contrariedade com o que foi feito na Sessão passada. Isso não é da tradição desta Casa, isso não é da tradição dos Vereadores e Vereadoras que aqui estão, pela seriedade com que tratam os projetos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, sem entrar no mérito do debate que o Ver. Marcelo Danéris traz a Plenário, quero deixar registrado, tendo conversado com os Vereadores de oposição, com as lideranças de oposição, muito especialmente, que concordamos com a preocupação do Ver. Marcelo Danéris, aliás, na semana retrasada, eu próprio havia também encaminhado uma proposta no sentido de se tentar montar uma Ordem do Dia que atenda aos diferentes interesses, da situação e da oposição. Há poucos instantes, conversei com o Ver. Marcelo Danéris, estamos buscando recompor isso, e vamos tentar hoje a discussão deste primeiro Projeto de Veto, retomar a reunião conjunta das Comissões, ainda hoje ou na segunda-feira, terminar a votação dos dois outros Vetos, são nomes de ruas em duplicata, de novo motivo de erros da Secretaria de Planejamento, que fornece os mapas e depois não valem, porque já estão esses nomes utilizados em outros logradouros, e, por fim, retomar uma pauta dentro dessa perspectiva do entendimento dos dois blocos, que o Ver. Marcelo Danéris mencionou. Estamos conversando com os senhores Líderes, vamos buscar construir isso a partir da semana que vem, sem nenhum problema.

Agora, evidentemente, o Plenário tem acidentes de percurso, vou-me permitir lembrar ao Ver. Marcelo Danéris que, embora ele talvez tenha, na ótica da situação, razão na sua queixa, também nós podemos ter, enquanto oposição, razão de queixa em relação, por exemplo, à posição da Bancada de situação quanto a este Projeto do Ver. Dr. Goulart, porque neste Projeto também houve um acordo aqui, de Plenário, pelo qual a Bancada do PT votou favoravelmente ao Projeto, com alguns senões, com algumas restrições, mas votou favoravelmente ao Projeto, e basta consultarmos o registro de votação. O PT aprovou este Projeto. O Prefeito veta e evidente que a bancada de situação muito provavelmente deve acompanhar o Veto do Prefeito, mas portanto a bancada vai mudar de posição. E nem por isso eu vou chamar a situação de incoerente. Aliás, foi uma das discussões que eu propus, tempos atrás, ao Ver. Marcelo Danéris e ao Ver. Estilac Xavier, ainda na liderança do bloco de situação, que, quando nós fazemos acordos aqui em Plenário, eles têm de valer também para o Prefeito, porque, senão a oposição sai engodada. Nós votamos aqui, aprovamos aqui, até com os votos do PT, mas o PT depois não tem compromisso em relação ao Executivo. Aí também não dá! Se fechamos um acordo aqui, nós temos de ter garantia de que esse acordo será respeitado pelo Prefeito, ou seja, será sempre importante que a Bancada de situação, quer através do seu Líder, quer através da assessoria do Prefeito, que nos acompanha, o Sr. Wilson, que tem uma excelente relação com todos nós, se garanta. Se fecharmos um acordo, ele também envolve o Executivo e se não envolver o Executivo não nos interessa, aí estaremos fazendo teatro. Então, o melhor é ir ao confronto do voto, se definem claramente as posições, mas não se engana, às vezes, até a opinião pública.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na nossa posição, por absoluta coerência, nós vamos defender, sim, o Projeto do Ver. Dr. Goulart. Por conseqüência, vamos defender a derrubada do Veto. E vamos, sobretudo, lamentar, que todo o discurso em prol do interesse público, sobretudo do interesse da população de baixa renda, sempre acabe indo para o lixo, na hora em que o Prefeito e a Administração Pública, dita popular, resolvem não admitir que decisões executivas sejam encaminhadas a partir do Legislativo, num formalismo que esquece o que está, apesar de tudo, na Lei Orgânica do Município: que o Poder Municipal é constituído pelo Legislativo e pelo Executivo.

Então, nesse sentido, Sr. Presidente, nesta discussão, que nós vamos acompanhar, Srs. Vereadores de situação, e vamos respeitar a mudança de posição, sem considerarmos incoerente, que antes eles tenham votado a favor e, agora, venham a votar contra, mas, sobretudo, desejamos dizer ao Ver. Marcelo Danéris que nós queremos, sim, retomar essa negociação, que nos parece fundamental, nos termos em que nós combinamos hoje, da qual eu me permito, com o aval dos Srs. Líderes, dizer que sou, neste momento, interlocutor nessa conversa, no sentido de fazermos a discussão deste Projeto, votá-lo, hoje ou na segunda-feira, e irmos para a reunião conjunta das Comissões, chegarmos aos dois outros vetos e, até lá, já termos construído uma pauta.

Nesse sentido, Ver. Marcelo Danéris, eu estou, inclusive, conversando com os Líderes para que cada Liderança indique os projetos de preferência, para que possamos cruzar isso e combinar isso num bloco de votações nos próximos dias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu, na realidade, estou preocupado, entristecido até. Eu não revido nunca. Se não for no mesmo momento em que a agressão acontece, não há revide da minha parte. E dificilmente até na hora eu faço um revide qualquer. Eu não cultuo ódio, não cultuo mágoa. Mas, de repente, eu tenho que sofrer pelo que acontece. Eu venho a esta tribuna, e hoje também, na Pauta, eu dizia, há setenta e sete projetos de lei para serem examinados. Três vetos. Enquanto não decidirem os três vetos, nós não fazemos mais nada. Eu pedi que não fossem discutidos os vetos, porque não têm importância nenhuma esses vetos. É um desaforo estar fazendo todo esse trabalho aqui nesta Casa, discutindo três vetos.

Rendo todas as homenagens ao nome de Saul Pinto Ciulla, porque realmente foi uma figura extraordinária na cidade de Porto Alegre. A Rua Cisne e a Rua Garça, que o Prefeito vetou, não há por que discutir. Agora, o veto ao nome do Dr. Saul Pinto Ciulla não tem justificativa, o Prefeito não soube justificar. Então, não há o que discutir, aceita-se ou rejeita-se. No caso, deve ser rejeitado o veto do Prefeito.

Agora, discutir isso aqui, quando há problemas sérios na Cidade, que precisam ser encaminhados, decididos, eu não vou aceitar! Estou dizendo com a mesma tranqüilidade de quando, na quarta-feira, ocupei esta tribuna para não concordar com o que estava acontecendo aqui. Esta tranqüilidade e esta coerência que faz com que o orador possa vir à tribuna e dizer o que está pensando.

Eu não vou entender que seja levado, até o fim da Sessão, sem examinar os três vetos. Não vou entender!

E eu não tenho má memória, quando interessa, eu vi a Bancada do Partido dos Trabalhadores votar contra o veto do Prefeito para encerrar a Sessão, porque havia a reunião do Orçamento Participativo.

Eu não estou brincando de Vereador; eu sou Vereador sete dias por semana. E é assim que eu quero ver os meus colegas. Eu não estou brincando com a cidade de Porto Alegre, pela qual tenho profundo apreço e respeito. Não posso entender que se façam profundas discussões em torno de assuntos como esse e que cheguemos ao final do ano e votemos a toque de caixa matérias da mais alta relevância. E vai acontecer agora no final deste semestre: nós vamos votar muitas coisas apressadamente. Esses vetos, eu não daria mais de trinta minutos para resolver os três. Saúde e paz! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. ADELI SELL: Caro Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. Essa questão de nominações, tanto de ruas, logradouros de um modo geral, quanto de próprios públicos e instituições, tem tomado tempo demais de nós nesta Casa. Claro que talvez eu não seja o melhor parâmetro, porque até hoje dei apenas dois nomes de rua, apesar de eu achar extremamente importante a nominação de logradouros, principalmente aqueles que têm letras, números, como são as ruas de alguns becos de acesso da nossa Cidade. Por sinal, vou-me preocupar mais com essa questão.

Com toda a sinceridade, quando há um nome consolidado, como, por exemplo, o Largo da EPATUR, por mais meritória que seja uma proposta que venha colocar um nome, como se quer colocar, Zumbi dos Palmares, não tem sentido, porque as pessoas não chamarão esse lugar por um outro nome. Quanto tempo as pessoas, em Porto Alegre, chamavam a Rua Vigário José Ignácio de Rua do Rosário? E os mais antigos ainda a chamam assim. Isso que é uma rua no Centro de Porto Alegre, onde há milhares de endereços comerciais e residenciais.

Numa unidade de saúde como essa das Bananeiras, que é conhecidíssima pela população por este nome - com todo o respeito ao trabalho que faz o Ver. Dr. Goulart nessa questão da saúde - não vejo razão. Acho que atrapalha.

O Ver. Juarez Pinheiro provavelmente colocará uma argumentação mais jurídica sobre a questão da necessidade dos dois terços, vou deixar para o Vereador colocar essas questões mais substanciais no campo do Direito. Estou falando do senso comum.

Não sei por que nós vamos querer mudar, acrescentar, adicionar nomes ao que já existe, ao que está consolidado. Talvez fosse o caso de trabalharmos mais sobre tantos e tantos logradouros públicos de Porto Alegre e da nossa periferia. Há tantos acessos “A”, há tantos acessos “W”; há tanto beco “A”; há tanto beco “C.” Vamo-nos preocupar mais com essa questão do que acrescentar ou renominar locais que já tenham nomes.

Eu faço, portanto, um apelo para que seja mantido o Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total, por cessão de tempo do Ver. João Batista Pirulito.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa discussão não é pequena, porque homenagear uma pessoa como o Dr. Saul - proposta do Ver. Dr. Goulart - já seria suficiente para fazermos uma discussão com profundidade, porque é uma pessoa que deixou marcas profundas nesta Cidade e neste Estado. Eu já conversei pessoalmente com o Ver. Dr. Goulart, com quem tenho as melhores relações de ordem pessoal e respeito político pela sua trajetória como médico e como novel Vereador nesta Casa, que tem-se distinguido, se destacado pela sua honradez, pela sua inteligência e pela sua dedicação à causa pública.

O que acontece nesse caso específico não permite que o meu amigo Ver. João Antonio Dib venha dizer que não podemos discutir a matéria. Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª foi autor de uma alteração à Lei n.º 320/94, que trata da designação de logradouros públicos. V. Ex.ª teve a clareza de verificar que a legislação anterior impedia alteração de nomes e teve também, em contrapartida, a clareza de entender que, apesar de ser possível a alteração, essa alteração teria de ter, como requisitos, algumas questões importantes, e com quórum qualificado. Constatando esses dois limites, S. Ex.ª, o Ver. Luiz Braz fez uma legislação que alterou, desengessou a anterior, que impossibilitava a alteração de nome de logradouros, possibilitando a alteração, desde que houvesse uma manifestação de dois terços dos residentes na área.

Logicamente, aqui estamos tratando de um equipamento público, e o Ver. Dr. Goulart – figura tão querida por todos nós -, não por inexperiência, mas porque entendeu que era um equipamento e entendeu que neste caso os equipamentos da Lei não se aplicavam, não ouviu a comunidade, o que não o caracteriza, porque, se há alguém que se caracteriza – entre outros – por ouvir a comunidade, por se relacionar bem com a sociedade, essa pessoa é o Ver. Dr. Goulart.

Mas neste caso o Vereador não ouviu e o que acontece é que ele muda a designação de um equipamento público sem que a comunidade tenha sido ouvida, e a própria Lei que dá guarida à designação de logradouros dispõe que a comunidade tem de ser ouvida, seja por intermédio de abaixo-assinado ou de outra forma que demonstre o interesse da comunidade naquela designação. E, Ver. Antonio Hohlfeldt, coloca o seguinte: quando há alteração de nomes tem de ter dois terços da população do entorno se manifestando.

O que acontece nesse posto, Ver. Dr. Goulart, é que ele é conhecido, tem uma designação de Posto Bananeiras e V. Ex.ª propõe o nome de uma figura singular na história desta Cidade e deste Estado, destacadíssima, mas a legislação resta violada porque aquele posto já possui um nome.

Eu disse ao Ver. Dr. Goulart que esse problema acontecido, que acaba envolvendo um vulto tão importante para a nossa Cidade, talvez sirva, até, Ver. Luiz Braz - V. Ex.ª que trabalhou na Lei alterando a Lei n.º 320, possibilitando a alteração da designação de logradouros -, quem sabe, para propor uma alteração também na Lei n.º 320, dizendo que, quando se tratar de equipamento público, deverá também ser ouvida a comunidade, porque todas aquelas pessoas que acessam um posto de saúde – e são aos milhares -, o nosso SUS, têm o direito de se manifestar.

Talvez, Ver. Dr. Goulart, pela peculiaridade daquele posto, quisessem propor até um outro nome e talvez o nome do Dr. Saul pudesse ser colocado em outro posto.

Portanto, o que cabe, neste momento, sim, Ver. João Antonio Dib, é discutirmos esta matéria e termos formas de a comunidade ser respeitada, e que os Vereadores possam fazer as designações. Eu acho, Ver. Dr. Goulart, que, neste caso, a Lei resta violada, e o Poder Executivo não tinha outra forma a não ser apor esse Veto, que não é nenhuma desconsideração a V. Ex.ª , Ver. Dr. Goulart, tampouco à pessoa homenageada. E serve para que venhamos a fazer um questionamento sobre as designações de equipamentos públicos.

Sei que o Ver. Dr. Goulart está entendendo a nossa colocação. Ela não objetiva nenhuma artimanha de Plenário, ela não tem como objetivo fazer vencido o Ver. Dr. Goulart, mas apenas chamar a atenção para uma questão que é de relevância. Desta forma também homenageamos o Vereador, e conclamamos algum Vereador que queira alterar essa legislação, talvez o Ver. Luiz Braz, para que aperfeiçoe a sua Lei e faça com que a alteração de nomes de equipamentos públicos também tenha algum requisito básico, porque senão fica muito unilateral a alteração, e parece-me que não é o melhor caminho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, demais Vereadores, Vereadoras, público que nos acompanha hoje, em especial o Ver. Dr. Goulart, que é o autor da Lei vetada, queria começar examinando a questão legal. Vejam bem, não existe legalmente o Posto de Saúde Bananeiras. Esse é um nome usual, colocado lá, sem passar por lei aqui. Não cai dentro da necessidade de abaixo-assinado da comunidade, porque não é uma mudança de nome; oficialmente o nome será dado aqui. Em segundo lugar, houve esse problema em que o Ver. Dr. Goulart colocou, por desconhecimento desse detalhe, o nome do posto sem maior consulta. É no bairro dele, na comunidade em que ele vive, e ele está homenageando uma pessoa que evidentemente merece, tanto que nós aprovamos. Mas surgiu um dissenso na comunidade, porque, como era usual o nome “Bananeiras”; diversas pessoas estão descontentes. O Ver. Dr. Goulart, sensível a isso, já colocou que há a decisão de sua parte, que não causará nenhum prejuízo, de colocar, em vez de somente “Unidade de Saúde Doutor Saul Pinto Ciulla”, colocar “Unidade de Saúde Bananeiras Doutor Saul Pinto Ciulla”. Nós estaríamos homenageando esse homem da saúde e estaríamos, ao mesmo tempo, preservando o sentimento da comunidade. Eu vou ponderar ao Ver. Dr. Goulart o seguinte encaminhamento:...

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Raul Carrion, se V. Ex.ª precisar, eu cederei o meu tempo para V. Ex.ª. Eu estou inscrito e, como não vou usar o tempo, eu o cederei para V. Ex.ª, caso precise.

V. Ex.ª pegou muito bem a idéia, quando fez as suas primeiras colocações, dizendo que nós não estamos, como disse o Ver. Juarez Pinheiro, utilizando a nossa Legislação para alteração do nome; nós estamos, na verdade, denominando, pela primeira vez, aquele posto de saúde, aquele equipamento público. Então, eu vou discordar do meu amigo Juarez Pinheiro: nós não incorremos naquelas necessidades que a Legislação atual determina.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Raul Carrion, discordando da sua intervenção, apenas parcialmente, quero dizer que, dentro da lógica apresentada por V. Ex.ª, existem logradouros cadastrados e não cadastrados. Nós não estamos tratando aqui de cadastrados ou não cadastrados logradouros, nós estamos tratando de equipamento público e, pela lógica, quando não há uma denominação oficial, há necessidade de abaixo-assinado. Portanto, apenas fazendo um reparo nessa questão, poder-se-ia fazer uma sinonímia, no sentido de que, como esse posto não está designado oficialmente por uma lei, mas a população o conhece como Bananeiras, equiparar-se-ia a um logradouro não cadastrado, e nesse sentido sim, pela própria Lei n.º 320/94, haveria obrigatoriedade de um abaixo-assinado, que, nesse caso, não houve. Apenas sobre essa parte eu quis apartear.

 

O SR. RAUL CARRION: Eu discordo de V. Ex.ª.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: Eu respeito.

 

O SR. RAUL CARRION: Eu discordo de V. Ex.ª, porque um posto de saúde evidentemente está cadastrado. O problema é que ele não tem nome; então, cabe dar a ele o primeiro nome. Mas, talvez, no desenvolvimento, nós até venhamos a concordar.

Qual é a minha preocupação, Ver. Dr. Goulart? Se nós derrubarmos o Veto hoje, a unidade de saúde passará a ter nome. Aí o próprio Ver. Dr. Goulart tem a intenção - ele não quer conflitar com a comunidade - de engrandecer o posto, dando-lhe um nome. Então, a pretensão do Ver. Dr. Goulart – que tive a preocupação de consultar – é adendar “Bananeiras” ao nome da unidade, é de ficarem conjuntas as duas coisas: ficaria o nome usual combinado com o nome do homenageado. Se for esta a intenção, como é, se nós, hoje, derrubarmos o Veto, para alterar o nome, que é já a intenção do Ver. Humberto Goulart, teríamos que ter abaixo-assinado, dois terços e assim por diante. Então, a sugestão que estou dando ao Ver. Dr. Goulart - já tenho o compromisso de aprovar, e consultei a bancada também do Governo, que aprovaria - é que nós, hoje, de comum acordo - seria um conserto -, mantivéssemos o Veto. O Ver. Dr. Goulart entraria com este Projeto hoje ou depois de amanhã, e nós o aprovaríamos em tempo o mais rápido possível, sem, assim, termos necessidade de mudar o nome. Realmente denominaríamos “Bananeiras Dr. Saul Pinto Ciulla” pela primeira vez. É este o encaminhamento que fazemos. Achamos que, neste caso, não são necessários os dois terços; para corrigir, precisaríamos. Agradecemos a tolerância da Mesa e não usaremos o tempo do Ver. Luiz Braz, para permitir que ele possa também discutir este Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Dr. Humberto Goulart está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, José Fortunati, está pronta a chapa? O nosso Governador e o nosso Senador, os dois na Mesa.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Goulart, eu estava ouvindo a fala final do Ver. Raul Carrion. No meu modo de entender, o Ver. Raul Carrion começou bem e terminou mal. Quando eu vou fazer uma alteração do nome, mudar o nome, fazer uma mudança de nome... V. Ex.ª por exemplo, vai chamar a unidade de saúde de "Dr. Saul Ciulla". Se V. Ex.ª quiser mudar o nome, dizendo que não é mais Saul Ciulla, e sim outro nome, V. Ex.ª precisará de dois terços, precisará daquele abaixo-assinado com a comprovação de que todas as pessoas que ali estão realmente querem a mudança. Mas se é apenas uma adaptação, se V. Ex.ª fará uma simples modificação, uma alteração, sem mudar o nome, V. Ex.ª não precisa de dois terços. V. Ex.ª pode, na verdade, com quórum simples, mexer na legislação, tranqüilamente, como nós vamos mexer hoje.

 

O SR. DR. GOULART: Meu vizinho e amigo Ver. Luiz Braz, muito obrigado pela orientação que vai nortear nosso encaminhamento.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, aceitando que nessas questões legais é possível a polêmica e a divergência, eu gostaria de dizer que se a pessoa se chama José Maria da Silva e passa a ser José Antônio da Silva, há modificação de nome. Então, V. Ex.ª cairia numa discussão que poderia exigir maioria absoluta para aprovação nesta Casa, dois terços de assinaturas. Imagine, para um posto de saúde, a consulta não é de uma rua, não são os moradores, são todos aqueles cadastrados naquele posto. Então, creio que seria uma precaução de V. Ex.ª, já que existe essa intenção de não fazer uma modificação. Pode ser interpretado como modificação de nome, acho eu. Muito obrigado.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado, agradeço aos Ex.mos Vereadores que orientaram essa discussão, mas se torna um pouco difícil eu aceitar um veto, por mais legal, por mais negociado que seja, a essa figura maravilhosa de Saul Pinto Ciulla. Qualquer tipo de veto, mesmo que fosse por encaminhamento, jamais pode ser dado a essa figura, que foi o primeiro grande parteiro da cidade de Porto Alegre, que foi o primeiro especialista em ginecologia, esterilidade e fertilidade, que foi o grande médico das famílias de Porto Alegre. Então, imaginava eu que pudesse colocar Posto de Saúde Bananeiras Dr. Saul Pinto Ciulla. E agora me esclarece o Ver. Luiz Braz que, se for só um adendo, não será modificação do nome. E eu prefiro correr o risco de termos essa discussão e permanecer o nome Saul Ciulla do que demorar mais tempo, e as coisas têm sido muito demoradas para o meu gosto dentro deste Parlamento, que eu imaginava que fosse um pouco mais rápido, principalmente nas coisas da saúde, principalmente nas coisas das urgências. Então, eu imagino que venhamos a denominar esse posto de saúde.

Na verdade eu pergunto para as pessoas lá da Glória, onde eu moro, sobre o Posto das Bananeiras, e as pessoas não sabem onde é. Não é bem verdade que todo mundo quer o Posto das Bananeiras. Eu falo do Posto das Bananeiras: “Ah, doutor, não me mande para longe!” Então, vamos derrubar o Veto do Prefeito, vamos colocar o nome e, em seguida, eu me comprometo - para agradar a todas as pessoas – a adendar o nome "Bananeiras" - que era clássico, embora não muito conhecido - ao nome do grande médico, do exemplar médico Saul Pinto Ciulla. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir o Projeto de Lei do Legislativo n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, preliminarmente, eu quero fazer uma remissão à fala do meu amigo, Ver. João Antonio Dib. Há uma diferença entre o que aconteceu na última Sessão, no interior da reunião das Comissões Conjuntas e o que está acontecendo hoje. Lá se tratou de pedir vistas, portanto, prejudicando o debate; mas travando-se, de uma certa forma, o debate. Um pedido de vistas legítimo, sem dúvida, legítimo! Mas, absolutamente inoportuno.

Hoje nós estamos fazendo o debate de um tema que não é de somenos importância. E mesmo que estivéssemos discutindo, é diferente fazermos um debate sobre um tema como o nome de uma rua e trancarmos a discussão sobre o projeto que tratava da organização de um hospital. Este debate aqui, mesmo que se prolongue, não há nenhum prejuízo para o posto de saúde que nós estamos discutindo. Nós estamos discutindo apenas um nome para o posto de saúde, diferentemente daquilo que aconteceu, na sexta-feira, quando estávamos discutindo a aprovação de alguma coisa que tinha que ver com o funcionamento de um hospital. Mas o tema é absolutamente importante, relevante! Dar nomes a ruas, logradouros, dar nomes a equipamentos públicos por si só é um assunto extremamente importante. Em primeiro lugar, neste caso, tem a importância do homenageado que é proposto, como foi dito pelo autor do Projeto, o primeiro grande parteiro da cidade de Porto Alegre, um médico renomado, e também porque sempre dar nomes a logradouros, dar nomes a equipamentos públicos implica lidarmos com a questão da identidade. A identidade que muitas vezes é uma questão cultural também. Então, quando damos nomes, independente da questão legal, que não vou discutir aqui, porque já foi bastante aprofundada, neste debate, existe uma questão de bom senso, porque dar nome a um equipamento ou logradouro implica lidarmos com a identidade daquele equipamento, daquele logradouro, que muitas vezes existe por trás uma história já sedimentada na comunidade e que temos de respeitar. Aliás, acho que em Porto Alegre cometeu muitos equívocos a respeito. Nomes que são poéticos, e inclusive em outras cidades foram mantidos, por exemplo, Rua da Ladeira; Rua das laranjeiras, no Rio de Janeiro, aqui, nós tentamos mudar; Rua da Praia e, aí, acontece aquele fenômeno sociológico que depois não pega e as pessoas continuam chamando pelo nome original. O que prova que essa questão histórico-cultural é uma questão fundamental, que temos de analisar quando propomos algum nome.

Então, eu acho que esta razão, que, inclusive, está nas razões apontadas pelo Executivo para vetar esse nome, não é um veto, como alguém disse aqui, não é um veto ao homenageado, mas é um veto considerando que nesse equipamento já existe um nome pelo qual ele é reconhecido amplamente na comunidade porto-alegrense e que tem toda uma história por trás, tem todo um componente histórico-cultural que tem que ser respeitado. Então, acho que temos que ponderar essas coisas todas, mas pelo que eu vejo, de parte do autor, inclusive, Ver. Dr. Goulart, existe toda uma sensibilidade para esse problema e ele mesmo já está pensando nos remédios, nas soluções para que encontremos, mesmo mantendo o Veto ou não, uma solução que contemple esse aspecto da realidade histórico-cultural que existe por trás do respeito à comunidade que já tem um nome consagrado para aquele equipamento.

Então, era isso que eu queria dizer, que é em função disso que, mesmo não tendo participado do debate anterior, quando foi aprovado esse Projeto, porque não estava na Casa, vou votar favoravelmente o Veto do Sr. Prefeito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total, pelo tempo que lhe cede o Ver. João Batista Pirulito.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente José Fortunati, Srs. Vereadores, senhores e senhoras, Ver. Raul Carrion, esta matéria comporta dois tipos de debates: um é o debate que V. Ex.ª fez, de forma exaustiva, que é o debate da legalidade; o outro, eu acho que é o debate do respeito à comunidade.

Do ponto de vista do debate da legalidade, da iniciativa do nobre Vereador e amigo Dr. Goulart, eu entendo que é controvertida realmente a necessidade ou não do referido abaixo-assinado. Se nós formos comparar com a denominação de logradouros públicos, eu, pessoalmente, entendo que a aplicação dos artigos da Lei n.º 320/94, exigiriam que houvesse manifestação da comunidade, a exemplo de um logradouro que tem uma denominação recebida não por uma Lei. Entendo assim. V. Ex.ª tem um entendimento diferente, e eu respeito. Mas eu acho, Ver. Raul Carrion, que não é o principal debate. Ele nos remete, inclusive, a um debate sobre a democracia representativa e sobre a democracia direta.

O que nós verificamos hoje é que essa conquista da humanidade, que já data de séculos, da repartição entre os poderes, da conquista de uma democracia mais profunda, o que resta hoje, infelizmente, na consciência das pessoas, é que a democracia representativa, quando o representante não tem nenhum vínculo com os representados, quando o representado tudo que pode é ir no dia da eleição depositar o seu voto, e depois se rompe qualquer laço entre representante e representados, o que resta hoje da democracia, no sistema representativo, às vezes, nem sempre, é um simulacro dela, ou seja, é na verdade, como diziam alguns, o que a democracia guarda para o representado é nada mais, nada menos que apenas um insulto, porque ele não tem poder de cogência nenhum sobre aquele a quem ele dá uma procuração para representá-lo. A partir do momento em que uma pessoa vive numa comunidade, Ver. José Valdir, por anos a fio, constitui ali a sua família e as suas relações sociais, afeiçoa-se a um determinado local, então torna-se uma verdadeira violência um Parlamentar - estou falando em tese, não é o caso do Projeto que agora discutimos -, alguém que recebeu eventualmente uma representação popular, chegar naquela localidade e determinar de cima para baixo o nome daquela rua, onde talvez nunca foi e talvez nunca irá, porque dará uma denominação meramente por meio de um processo, que não tem sentimento, que não tem rosto, folhas, às vezes, sem maior sentido de papel, apenas para computar, em alguns casos, número de projetos de lei para depois aparecer nas estatísticas dos jornais, violando, portanto, o direito natural das pessoas que vivem ali, que constituem suas famílias, que instituem laços de afetividade, de sociabilidade. São atitudes como essa que denigrem, que vão de encontro à imagem que se tem hoje da democracia representativa, uma imagem que não é a que gostaríamos de ter. Não estamos com isso querendo fazer qualquer comparação entre democracia representativa e democracia direta. Entendemos que há absoluta possibilidade de convívio entre essas modalidades.

A democracia representativa é uma conquista da humanidade, um sustentáculo da organização das sociedades; as experiências que surgem de democracia direta, Ver. Beto Moesch, muitas vezes, são por essas razões, porque o representado sente-se absolutamente órfão, ele não tem vínculo com aquele que ele elege no dia das eleições e com o qual não mantém nenhuma relação.

Eu estou querendo dizer que o Ver. Dr. Goulart, quando denominou esse equipamento, eu o conheço, quis apenas uma coisa: homenagear a figura inesquecível, extremamente sublinhada por toda esta Cidade pela sua importância, foi isso que moveu o Ver. Dr. Goulart. Sob o ponto de vista fático, sob ponto de vista do que acontece, e aqui nós somos movidos por sentimentos, mas também por uma legislação e por respeito à sociedade, o que ocorre é que essa comunidade não foi ouvida. Eu tenho certeza de que o Ver. Dr. Goulart, um médico que consegue sair de uma festa - como soube por um relato do Ver. João Antonio Dib - animada para atender uma senhora gestante; ele abandonou a dança para atender essa gestante, é um fato que mostra toda a sua dedicação à causa pública, colocando, em primeiro lugar, a saúde da população, e não seus interesses pessoais, ele foi movido pelo melhor dos sentimentos: homenagear o Dr. Saul, mas esbarra nessa situação. Entendo, por essa razão, que o encaminhamento que aqui se esboça, no sentido da aceitação do Veto e, depois, a aprovação de um Projeto do Ver. Dr. Goulart - que receberia, de todos nós, o apoio - que juntaria os dois nomes, “Bananeiras” e o do Dr. Saul, seria bem aceito. Estas são as nossas razões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BETO MOESCH (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaríamos de pedir um minuto de silêncio em virtude do falecimento do Dr. Ubirajara Índio Carvalho da Motta. Ele foi diretor do nosso Hospital de Pronto Socorro e Presidente da Sociedade Gaúcha e Brasileira de Cirurgia Pediátrica, foi um grande pediatra aqui de nossa Cidade e também um dos fundadores da APLUB.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Defiro de plano o Requerimento do Ver. Beto Moesch e convido a todos a procederem um minuto de silêncio em memória do Dr. Ubirajara Motta.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadores e Srs. Vereadores, demais presentes e os que nos assistem pela TV Câmara, sobre o Projeto de Lei do Ver. Dr. Goulart, que foi amplamente discutido nesta Casa, só quero alertar aos nobres pares desta Casa que o Parecer da Comissão de Constituição e Justiça - que teve como Relator o Ver. Luiz Braz - concluiu pela aprovação. Todos os Vereadores assinaram favoravelmente o Parecer de relatoria do Ver. Luiz Braz, com exceção do Ver. Juarez Pinheiro, que assinou com restrições. Depois, na Comissão de Educação e Cultura, CECE, somente a Ver.ª Maria Celeste votou contra o Parecer do Relator, Ver. Fernando Záchia.

E como Relator do Veto, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, COSMAN, dei o Parecer contrário ao Veto. Todos os Srs. Vereadores votaram favoravelmente ao Parecer deste Vereador. Agora, se nós, acompanharmos o Veto do Prefeito, convenhamos. Eu entendo que será um desrespeito a família desse profissional.

Muitos dos Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, conforme os comentários dos bastidores, têm conhecimento do trabalho comunitário desse Vereador. Portanto, eu concordo com o início do discurso do nobre Ver. Raul Carrion. No seu discurso, Ver. Raul Carrion, na regulamentação do Projeto, V. Ex.ª foi muito feliz em acomodar a palavra “Bananeiras”. Então, vejam V. Ex.ªs, não há problemas maiores para que possamos derrubar o Veto e acomodar esta palavra “bananeiras”, para que a família desse admirável profissional, que não pediu, não fique até constrangida. Em respeito a esse profissional, em respeito ao médico desta Casa, médico comunitário que faz um trabalho admirável, o Ver. Dr. Goulart, que ontem não estava presente no grande evento que houve aqui nesta Casa, reconhecido por todos, inclusive amplamente destacado em entrevista, no dia de ontem, do nosso Presidente Ver. José Fortunati. Estava toda mídia da Cidade aqui presente, e o Vereador Dr. Goulart, que está concorrendo a Deputado Estadual, onde é que estava? Atendendo no hospital, fazendo o trabalho comunitário, como médico de ponta que é.

Portanto, em respeito, como já disse, ao Ver. Dr. Goulart e ao homenageado, temos de derrubar o Veto do Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente Ver. José Fortunati, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, não poderia me furtar desta discussão, até porque fui citada como uma das Vereadoras que votou contrária ao Projeto do Ver. Dr. Goulart. Quero lembrar que não sou contrária ao mérito da proposta que o Ver. Dr. Goulart faz, numa justa homenagem, mas quero dizer que temos de refletir sobre isso, refletir sobre as homenagens que se fazem nesta Cidade. Sabemos que cada Vereador pode e deve fazer projetos de lei colocando nomes de ruas, é uma das nossas atribuições, mas o que me causa mais espanto é que alguns Vereadores, que não é o caso do Ver. Dr. Goulart, a seu bel prazer, colocam nomes nas ruas que não têm a menor identificação, a menor identidade, com aquela população, com aquela comunidade. Portanto, esta discussão de hoje vai-nos dar uma grande reflexão sobre, inclusive, a nossa atribuição de criarmos projetos de leis, principalmente com nomenclaturas de ruas e equipamentos como esses.

O que é uma homenagem? Certamente, o Dr. Saul Pinto Ciulla, um grande colaborador da Cidade, deve ter o seu nome colocado, de alguma forma, ou numa rua ou equipamento e deve também ser prestigiado. Mas o Ver. Ervino Besson expressa que talvez esta Casa esteja desrespeitando a família. Eu discordo disso. O desrespeito maior nosso será anexar a unidade das Bananeiras ao Dr. Saul Pinto Ciulla. Nós vamos colocar, adendar o nome de uma pessoa, de uma homenagem que se quer fazer, da história da vida desse homem já num nome conhecido, já num nome que a comunidade traz para si, que marca a localização, que marca a história daquela comunidade. Portanto, essa homenagem me parece inócua, a família talvez se sentisse constrangida, talvez se sinta constrangida de ver o nome colocado num equipamento de saúde que não irá ser lembrado, porque lá a referência é unidade de saúde Bananeiras. Talvez, nesse aspecto, isso sirva de reflexão para todos nós, para que possamos ter esse cuidado e o respeito com a comunidade, com a população, com as pessoas que vivem na cidade de Porto Alegre, nos logradouros que são denominados por letras, ruas que não têm nome ainda, que se possa ter esse cuidado de estar trazendo as matérias, as propostas, como uma referência que a comunidade traz, não como um desejo pessoal de cada um de nós, repito, não é o caso do Ver. Dr. Goulart, certamente ele tem um trabalho voltado nessa comunidade e talvez, por um lapso, no afã de querer homenagear, tenha pensado que a melhor forma é essa, da qual discordamos.

Quero lembrar também, e um Vereador falou antes, que não há um parecer, o Veto, ele não traz a questão da legalidade. Como não sou advogada, mas estou sempre procurando me informar sobre as questões, procurei a Lei Orgânica que, no seu art. 77, diz no parágrafo 1.º: (Lê.) “Se o Prefeito julgar o projeto, no seu todo ou em parte, inconstitucional, inorgânico ou contrário ao interesse público”, Ver. João Antonio Dib, ele poderá, sim, vetar. Portanto, nós mantemos o Veto do Sr. Prefeito. Por isso, Ver. Ervino Besson, na Comissão, esta Vereadora deu o parecer favorável ao Veto do nosso Prefeito.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Maria Celeste, primeiramente, agradeço a gentileza de V. Ex.ª me ceder o aparte. Mas, Vereadora, conforme ouvi desta tribuna as colocações do Ver. Raul Carrion, e até para que não haja um constrangimento para a família do Dr. Saul Pinto Ciulla, até tem como, na regulamentação do Projeto, essa palavra “bananeiras” permanecer nesta homenagem a este médico. Acho que não vai ter problema; pelo menos eu entendo assim, Vereadora. Agradeço a gentileza de V. Ex.ª.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Certamente, Ver. Ervino Besson, mas será necessário apresentar um outro projeto, conforme o Regimento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juberlei Bacelo está com a palavra para discutir o PLL n.º 234/01, com Veto Total, e cede o seu tempo ao Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, anteriormente, eu tinha avisado o Ver. Juberlei, mas eu gostaria de pedir verificação de quórum. Pode ser visualmente.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Com o pedido de verificação de quórum, esta Presidência entende que, visivelmente, não há necessidade de que façamos a verificação, na medida em que não existem Vereadores e Vereadoras em número suficiente para continuarmos com a Sessão.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu apenas desejo fazer um registro. O pronunciamento que eu fiz lá na tribuna, no início da discussão, está dizendo que eu estava certo, nós perdemos uma oportunidade de decidir três vetos.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 12h33min.)

 

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